“Não há intervenção na direção estadual do PT, como se tem especulado, o que há é uma determinação da direção nacional para anular o ato homologatório na convenção da aliança com o PSB.” Essa a observação do advogado do PMDB, Roosevelt Vita, ao Blog, pontuando: “Houve o descumprimento de uma resolução da direção nacional e, por isso, esse ato será anulado.”

Segundo Vita, “no dia 26, a direção nacional do PT emitiu resolução, orientando a aliança na Paraíba com o PMDB, portanto a aliança teria de ser com o PMDB, em torno da candidatura do senador Vital Filho ao Governo do Estado, e então como a estadual descumpriu essa orientação, o ato de homologação da aliança com o PSB será anulado nos termos da Lei 9.504, Lei das Eleições”.

Mais um capítulo na encrenca do PT com o PMDB. Lucélio Cartaxo, candidato a senador na chapa do governador Ricardo Coutinho, afirmou esta manhã (sexta, dia 4), que “o PT mantém a coligação com o PSB, e vamos registrar a ata junto ao TRE confirmando essa aliança, que foi decidida no voto, e não vamos voltar atrás”.

Segundo Lucélio, “nem houve intervenção da direção nacional na estadual, e nem a direção estadual foi comunicada de qualquer nova orientação da nacional, então seguimos com o que havíamos planejado, ou seja, vamos registrar a ata, consagrando a aliança homologada em convenção, por 13 votos a um, com total legitimidade”.

O governador Ricardo Coutinho parece que ainda não perdoou o seu vice, Rômulo Gouveia, por ter rompido politicamente para apoiar o senador Cássio Cunha Lima. Primeiro, o governador mandou demitir todos os 33 servidores de Rômulo, o que praticamente desativou a Vice-Governadoria. E, mesmo depois que a Justiça mandou renomear, o governador decidiu recorrer.

Na noite desta quinta-feira (dia 3), quando da inauguração das obras de reforma do estádio O Almeidão, veio a surpresa para algumas pessoas que presenciaram a efeméride governamental: a ausência do nome do vice-governador Rômulo Gouveia na placa de inauguração. Pelo visto, houve uma orientação do Governo para retirar o nome do vice da placa, algo realmente inusitado.

O senador Vital Filho, que está no epicentro da pendenga entre PMDB e PT, afirmou ao Blog que está “tranquilo” quanto aos entendimentos com a direção nacional petista, e que espera, a partir de agora, “vou procurar a direção do PT para estabelecermos um diálogo com todo o partido, para fortalecermos uma força de unidade em torno de nossa candidatura e da reeleição da presidente Dilma”.

Vital disse ter recebido com tranquilidade a decisão da direção nacional do PT de orientação a estadual para anular os atos da convenção do partido que havia homologado a aliança com o PMDB: “Pelo que sabemos, houve uma resolução anterior à convenção, que mandou o PT fazer aliança com o PMDB e, pelo que percebemos, houve um descumprimento.”

Se os peemedebistas ficaram agitados com o noticiário indicando que a direção nacional do PT determinou a anulação da homologação de aliança com o PSB do governador Ricardo Coutinho, os petistas foram tomados de igual agitação, A direção estadual realizou uma reunião de emergência, na noite desta quinta, e decidiram… reagir.

Segundo o presidente estadual do PT, Charlinton Machado, “não existe essa história intervenção, e nós decidimos manter a decisão da convenção porque não poderíamos agir diferente, sob pena de incorrer em fraude eleitoral.” Então arrematou: “O PMDB está tentando criar um fato novo, mas ninguém pode fraudar uma convenção. Nem o PMDB pode se coligar com outro partido e nem o PT.”

O arraial do PMDB agitou-se no início da noite desta quinta-feira (dia 3), com a informação de que a direção nacional do PT decidiu agir para anular os atos da convenção estadual do partido que votou, na última segunda-feira, aliança com o PSB do governador Ricardo Coutinho e a indicação de Lucélio Cartaxo para o Senado.

Até onde o Blog pode apurar, não houve precisamente uma intervenção na direção estadual. Segundo um dirigente petista “houve uma intervenção apenas para anular a convenção que descumpriu a resolução do dia 27, que orientava o partido a celebrar aliança com o PMDB e não o PSB”. Como a resolução da nacional foi anterior à convenção, os atos da convenção “deverão ser anulados”.

O deputado Domiciano Cabral reiterou ao Blog que mantém sua candidatura à reeleição. Sua reação foi em função de especulações que foram repercutidas, especialmente em setores da mídia oficial, que ele não seria mais candidato a deputado estadual. “Isso é o que o Governo quer, mas não procede.”

Segundo Domiciano, “assessores do Governo andaram propalando essa mentira, inconformados depois que eu decidiu apoiar a candidatura do senador Cássio Cunha Lima, e eles não se conformam que eu não apoie o governador Ricardo Coutinho, e eu não apoio porque nada tenho a ver com esse Governo”.

O Governo Ricardo Coutinho não está disposto a renomear os 33 servidores que ele demitiu da Vice-Governadoria do Estado. O procurador-geral Gilberto Carneiro confirmou à Imprensa que o Governo vai recorrer da decisão do juiz Miguel de Brito Lira, que deu um prazo de dez dias para o Governo promover a renomeação de todos os demitidos.

O entendimento do Governo, segundo Gilberto, é de que as nomeações dos cargos de comissão são uma prerrogativa exclusiva do governador: “As exonerações foram de servidores que não exercem funções essenciais no Estado, mas apenas simples assessoramento de função meramente representativa junto ao vice-governador Rômulo Gouveia.”

O Blog registra texto enviado pela secretaria Cida Ramos (Desenvolvimento Humano), através de sua Assessoria de Imprensa, sobre postagem relativa à contratação de mais de 40 prestadores de serviços, conforme publicação em Diário Oficial do dia 2 de julho. Segundo o texto, as nomeações foram regulares de pessoas que submeteram a processo seletivo simplificado.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Humano, “o contrato de trabalho dos técnicos tem validade de 12 (doze) meses, a contar da data de assinatura do Contrato Individual, com proventos mensais de R$ 800,00 (oitocentos reais), totalizando R$ 9.600,00 (nove mil e seiscentos reais) por ano”. Nada informa sobre os contratos de R$ 12,6 e R$ 11,2 mi.

Vamos combinar, é muita ousadia do Governo do Estado às vésperas da eleição promover um festival de nomeações de prestadores de serviço, com vencimentos (valor total até final do contrato) que vão de R$ 9,9 mil até R$ 12,6 mil. Foram 42 contratados, para seis meses de trabalho, realizadas pela Secretaria de Desenvolvimento Humano “por excepcional interesse público”.

Uma conta que fecha em incríveis R$ 407.800,00 (quatrocentos e sete mil e oitocentos reais). Impressionante mesmo a coragem do Governo, quando, há poucas horas, foi sentenciado a renomear os 33 servidores do gabinete do vice-governador Rômulo Gouveia, que havia demitido, segundo entendimento da própria Justiça, por motivação política.