Conforme especulado no início da tarde, o ex-deputado e ex-vice-governador Zé Lacerda Neto, pai da vereadora Raíssa Lacerda, entregou o cargo de coordenador da Articulação Política do Palácio da Redenção. Lacerda emitiu nota à imprensa no final do dia, pedindo exoneração do Governo do Estado em caráter irrevogável.

Na carta, o político alega que a decisão se deu por conta da “posição política externada em programa radiofônico na tarde de hoje por minha filha, vereadora Raissa Lacerda (…) de modo que a minha história e a minha moral possam permanecer intactas e preservadas enquanto cidadão e homem público com mais de cinquenta anos de serviços prestados ao povo paraibano.”

A decisão do secretário José Lacerda Neto (Articulação Política) de entregar seu cargo não deverá ser um ato isolado. No início da tarde, o comentário mais frequente no Palácio da Redenção era que o secretário Gustavo Nogueira (Planejamento) também deverá pedir exoneração. A movimentação foi precipitada após declarações da vereadora Raíssa Lacerda (PSD).

Raíssa afirmou que o senador Cássio Cunha Lima deve lançar sua candidatura ao Governo no dia 20 de março, e revelou que o tucano tem mágoa de Ricardo Coutinho, depois que o socialista passou a assumir a paternidade de obras de seu Governo. Diante das declarações de Raíssa, José Lacerda resolveu entregar o cargo ao governador, mas anunciou que manterá apoio à sua reeleição.

Nota distribuída pela Associação dos Procuradores da Paraíba (Aspas) revela que o Estado paga o pior salário do País aos seus procuradores: “O governador aproveita o ano eleitoral para divulgar que os procuradores obtiveram uma evolução salarial, que chega a 48% em três anos. Mas, não é verdade, foram apenas 13%, inclusive abaixo da inflação do período, de 18,24%.”

A associação rebate nota distribuída pelo Governo RC à Imprensa: “É mais uma tentativa de esconder, perante a opinião pública, a verdadeira política salarial do Governo em relação aos seus procuradores.” Segundo a entidade, “em janeiro de 2012 foram concedidos 3% de aumento; em 2013 foram 3% em janeiro e 2% em julho; e no início de 2014 mais 5%, ou seja, um total de 13% em três anos.”

A verdade é que o governador Ricardo Coutinho decidiu ir para o ataque, ante a indefinição do senador Cássio Cunha quanto a apoiar ou não sua reeleição. A relação bipolar claramente incomoda. De um lado, autoriza aliados tipo Edivaldo Rosas, presidente do PSB, e o deputado Tião Gomes a acossarem o senador, talvez para obrigar uma definição.

Na verdade, fica claro que as declarações, ainda que duras, de Tião e Rosas são apenas um aperitivo para o que realmente pretende utilizar como artilharia num eventual embate com o tucano. Essas declarações são claramente um recado de que dispõe de munição mais pesada, guerra química, para usar caso seja necessário.

Noutra frente, intensifica contatos com lideranças que poderão, pelo menos em tese, compensar parte da perda do senador, e, de forma atrevida, tenta ocupar redutos importantes como Campina Grande.

Os estudantes estão voltando ás ruas em Campina Grande. Tudo, segundo relato deles, por conta da “propaganda enganosa” do Governo do Estado em relação à reforma de algumas escolas. O caso mais emblemático é do Colégio Polivalente (Catolé). Segundo os estudantes, é pura enganação. Por conta disso, um protesto foi convocado para a tarde desta terça.

Uma das alunas (Maynara Santos) postou no facebook: “Você que está em casa pensando que as obras na escola estão a mil por hora, está tão enganado quanto eu estava. Hoje (dia 10) pela manhã, cheguei no Polivalente e me deparo com tudo parado: salas praticamente intactas; cadeiras, escadas e materiais de construção espalhados pelo pátio, salas e corredores; trabalhadores “em greve” e a sujeira comendo à vontade.”

Quando se imaginava esgotada a caixinha de surpresas do Governo Ricardo Coutinho, eis que o Blog recebeu uma informação surpreendente: os professores da rede estadual correm sério risco de cair na malha fina da Receita Federal, por conta da chamada Bolsa de Desempenho Profissional implantada pelo governador, desde maio de 2011.

Seguinte: até abril de 2011, os professores da rede estadual recebiam a GED (Gratificação Estímulo à Docência), que constava na declaração de rendimentos dos servidores como tributável para o Imposto de Renda. Porém, a desde maio de 2011, os docentes começaram a receber a chamada Bolsa Avaliação de Desempenho Docente…

O clima voltou a ficar pesado na relação bipolar entre o governador Ricardo Coutinho e o senador Cássio Cunha Lima. Já vinha em temperatura máxima, desde que o deputado Tião Gomes atacou o senador, desafiou o PSDB a romper com o governador e disse que os tucanos precisavam se definir: “Se quiserem romper, que rompam de uma vez.”

Houve duas notas do deputado Ruy Carneiro, presidente do PSDB, contestando Tião e estranhando o silêncio conivente de RC. O governador, então, insinuou que Ruy não fala em nome do PSDB. Foi o suficiente para Cássio reagir, esta segunda, no twitter: “O deputado Ruy Carneiro fala e zela pelo PSDB. Eu saberei honrar a memória do meu pai e defender o meu legado.”

A violência na Paraíba realmente na escolhe alvo. No final de semana, foram seis assassinatos. Três num bar da Praia de Seixas, dois no Alto do Mateus, um em Odilândia (Santa Rita). Todas as pessoas anônimas. Mas, na semana passada, o deputado Gervásio Filho teve um primo (João Sérgio Maia Sobrinho) assassinado no Bairro da Torre. Crime segue misterioso.

Há poucos dias, a vítima foi Idenir Palitot, cunhada do deputado Anísio Maia e prima da ex-deputada Nadja Palitot. Por muito pouco não perdeu a vida, após ficar na mira do revólver de bandidos. Ela chegou a relatar no facebook: “Nossa cidade esta totalmente sem segurança hoje fui assaltada na porta do meu edifício em pleno dia com a arma na minha cara…”

Na Paraíba dos tempos republicanos os fatos insistem em enfrentar o discurso. Há poucos dias, o secretário Cláudio Lima (Segurança), ao rebater críticas do senador Cássio Cunha Lima e do ex-prefeito Veneziano ao aumento da violência, afirmou que o Governo havia conseguido reduzir o número de homicídios no Estado. Então…

Em menos de 24 horas, mais seis pessoas foram assassinadas. Três na Praia de Seixas, duas no Alto Mateus e mais uma em Odilândia (Santa Rita). As estatísticas na Paraíba passaram a ser em lotes de pessoas, lamentavelmente. Foi nessa pisada que a Paraíba se tornou o quarto Estado mais violento do País, conforme estatísticas dos Ministérios da Justiça e da Saúde.

A Paraíba dos últimos anos tem apresentado um dos piores indicadores do País em áreas como segurança pública, saúde e desenvolvimento, conforme vários rankings de avaliação administrativa. Foi esse quadro que motivou o ex-prefeito Veneziano a observar, neste sábado: “O Estado vive um dos momentos mais delicados de sua história…”

E acrescentar: “E não vamos nos esganar: um dos corresponsáveis por essa situação é, sem dúvida, o senador Cássio Cunha Lima, que ajudou a eleger e apoia esse Governo. O governador Ricardo Coutinho prometia resolver problemas como a violência em seis meses. Mas, nesses três anos e meses, a Paraíba tornou-se o quarto Estado mais violento do Brasil…”

“Onde estava o senador, quando o governador demitiu 30 mil pais de família? Por que não disse uma só palavra quando o governador fechou mais de 200 escolas no Estado?”