O assunto segue polêmico. Afinal, o senador Cássio Cunha Lima pode ou não pode ser candidato ao Governo em 2014? Segundo a Folha de São Paulo, não. Está na edição desta segunda-feira (dia 11), que o senador Cássio não pode ser candidato nas eleições do próximo ano, e deverá lançar seu filho, Pedro, para a Câmara Federal.

Sob o título “Políticos ‘fichas-sujas’ apostam em parentes para manter o poder”, a reportagem cita Cássio e vários outros políticos com pendencias judiciais, por conta da Lei da Ficha Limpa (nº 135/2010), que os tornaria inelegíveis para as eleições de 2014. A Lei somente não se aplicou na eleição de 2010, por ferir o princípio da anualidade.

Confira matéria da Folha….

O resultado das eleições deste final de semana no PT vão além da vitória acachapante de Charlington Machado, com 75% dos votos válidos. Primeiro, carimbou a liderança do prefeito Luciano Cartaxo dentro do partido. Depois, expôs o quanto caducou o projeto de apoio ao governador Ricardo Coutinho, ardorosamente defendido pelo deputado Luiz Couto.

Aliás, Couto deixou a disputa com o maior derrotado, esmagado pelo placar de um inesperado terceiro lugar. Os números parecem mostrar que sua liderança no partido realmente expirou. Perdeu a validade, talvez precisamente por abraçar esse evangelho superado do apoio a RC, depois do PSB ter rompido nacionalmente com o PT. Certamente merece uma penitência.

O que pegou foi a visita que os deputados e procuradores federais fizeram ao Hospital de Trauma, há poucos dias. Mas, talvez a ira do governador Ricardo Coutinho e seu secretário Waldson de Sousa (Saúde) não tenha sido apenas por causa da visita. Há um parecer do Ministério Público junto ao TCE que é devastador contra a terceirização do Trauma com a Cruz Vermelha gaúcha.

Esse pode ser o real motivo do destempero do governador e seu secretário. No documento, membros do Ministério Público denunciam irregularidades no contrato e indícios de improbidade administrativa, motivando inclusive aplicação de multas. Diz no trecho que os “recursos públicos são manuseados e não se faz prova da regularidade das despesas contratadas”.

Há algumas semanas, o governador Ricardo Coutinho usou a costumeira pirotecnia para anunciar, em seus mil dias de gestão, investimentos da ordem de R$ 6 bilhões. Então, há algumas horas, oficializou o fechamento da licitação de terceirização dos terminais rodoviários de João Pessoa e Campina Grande, para os próximos 15 anos, por… módicos R$ 3,5 milhões.

Quer dizer que o Estado tem R$ 6 bilhões para outros investimentos, mas não tem R$ 3,5 milhões para reforma e modernização dos terminais rodoviários? Essa fúria privatista do governo girassol impressiona, afinal essas obras representariam apenas 0,005% do total de investimentos anunciados. O Governo RC argumentou prejuízos na gestão dos terminais para justificar a privatização.

A verdade é que o vice-prefeito Nonato Bandeira venceu a batalha pelo comando do PPS no Estado e impôs uma acachapante derrota ao grupo infiltrado pelo governador Ricardo Coutinho no partido. Com o resultado, pelo menos em tese, Nonato afasta qualquer possibilidade do PPS se aliar ao PSB nas eleições do próximo ano.

Ricardo tinha mantido a deputada Gilma (esposa do ex-prefeito Buba) Germano no PPS, na esperança de vencer a disputa interna contra Nonato, e acomodar o partido no seu arco de alianças. Por isso foi uma derrota ainda mais emblemática: não é todo dia que um governador sofre um revés dessa magnitude, mesmo com a caneta e máquina nas mãos.

“Ricardo (Coutinho) só não foi ainda pra cima do senador Cássio (Cunha Lima), porque ainda imagina e torce pra Cássio não poder ser candidato a governador em 2014. Mas, na hora que a candidatura de Cássio for oficialmente lançada, ele vai se voltar contra Cássio, como fez com todos os ex-aliados.” A observação foi feita ao Blog pelo senador Cícero Lucena.

Foi uma resposta às recentes declarações da secretária Estela Bezerra (Comunicação), de que em 2010, a parceria com Ricardo Coutinho foi o que limpou a imagem do senador Cássio Cunha Lima: “Não me lembro de Cássio estar sujo, como diz a secretária. Aliás, se ele estivesse com a imagem suja, como ela insinua, com certeza não tinha eleito Ricardo governador.”

Pelo menos foi o que afirmou, há poucos dias, a secretária Estela Bezerra (Comunicação), afiançando que, se o senador Cássio foi importante na eleição do governador Ricardo Coutinho, o socialista foi decisivo para “reposicionar a imagem de Cássio que, à época, estava mal vista”. Estela se refere ao saldo da administração Cássio I e II e seu processo de cassação.

A observação da secretária merece reflexões. Como um tucano ponderou ao Blog: “Se Cássio estivesse tão mal, como diz a secretária, ele teria condições de ter eleito Ricardo?” Na verdade, está claro, com essa declaração, Estela tenta minimizar a importância do tucano na eleição de RC em 2010, e secundarizar seu papel na disputa. Algo, como “colocar Cássio em seu lugar”.

O governador Ricardo Coutinho não tem atacado apenas deputados e procuradores federais, como ocorreu nos últimos dias, após a visita que uma comissão de saúde realizou nos hospitais de Trauma e Arlinda Marques. Nosso ínclito, preclaro e insigne governador tem se especializado também em peitar jornalistas, especialmente em suas entrevistas coletivas.

… Afora, é claro, ações judiciais movidas contra profissionais do naipe de Rubens Nóbrega. Há algumas semanas, durante uma entrevista, o governador se indispôs publicamente com o jornalista Fernando Braz, da Arapuã FM, quando indagado sobre a possibilidade do senador Cássio Cunha Lima ser candidato ao Governo em 2014. O clima ficou tenso e a entrevista encerrou.

O governador Ricardo Coutinho não perdoa deputados e procuradores federais que visitaram, nos últimos dias, alguns hospitais, como o Trauma e o Arlinda Marques. RC voltou a afirmar que a visita “foi um assalto, um ato tresloucado protagonizado por alguns deputados”, orientados pelo presidente da Assembleia, deputado Ricardo Marcelo.

Em outra frente, acusou os procuradores Eduardo Varandas (Trabalho) e José Guilherme Ferraz (Direitos do Cidadão) de estarem partidarizando suas atuações, junto com os deputados. Segundo o governador, as visitas são de cunho político, visando “dividendos eleitorais”, porque, para ele, “eles não estão preocupados em melhor a saúde, mas criar um caso”.

Num período de escassez de recursos federais, é surpreendente a constatação de que a Prefeitura de Campina Grande deixou de receber mais de R$ 210 mil do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por não ter enviado informações em tempo hábil. Com a redução dos repasses, caiu do 2º para o 5º no ranking das cidades beneficiados com as verbas.

As informações sobre frequência escolar das crianças da rede municipal de ensino e do acompanhamento da agenda de saúde das famílias assistidas pelo programa Bolsa Família são necessárias para a liberação dos recursos. Os dados formam o balizamento adequado sobre o montante de recursos a serem repassados aos municípios. E Campina não fez o seu dever de casa.