Tudo começou, quando o deputado Trócolli Júnior chamou seu colega Carlos Dunga de “professor”, por dar uma “aula crítica” contra a instalação de uma pretensa CPI para apurar o uso do avião do Estado pelo governador e a primeira-dama, Pâmela Bório. Dunga reagiu, afirmando que se fosse professor não daria permissão para assinarem a CPI e que o assunto já está sendo analisado pelo TCE.

Disse Dunga: “Deputado Trócolli Júnior me chamou de professor. E eu não professor, porque se fosse não daria permissão para vossa excelência (Gervásio) e ele assinarem essa CPI. Sabe por quê? Porque quando não se quer fazer nada, se assina uma CPI.” E insinuou que Trócolli chegou até a falar em pornografia tratando do assunto.

Trócolli reagiu cobrando o que tinha falado de pornografia. Gervásio disse que se fosse professor, Dunga seria reprovado…

Deu de tudo durante passagem dos ministros pela Paraíba, nessa sexta-feira, 13. Mas, os momentos mais eletrizantes envolveram o governador Ricardo Coutinho. De cara, ele se aborreceu com a visita que a ministra Ideli Salvati (Relações Institucionais) fez ao Centro de Convenções, ao lado do prefeito Luciano Cartaxo e o senador Vital, sinalizando que as obras são do Governo Federal.

Também não ficou feliz quando foi chamado de “Luciano Coutinho” pela ministra. Depois, revelou sua impaciência quando foi indagado sobre eventual candidatura do senador Cássio em 2014, assumindo que não teme enfrentar o tucano nas urnas. Mas, de tudo, a mídia nacional só repercutiu sua decisão de deixar o evento alegando “outros compromissos”.

O governador Ricardo Coutinho não perdeu apenas a paciência com o senador Cássio Cunha Lima, ao admitir disputar o Governo em 2014 contra o tucano. RC também ficou visivelmente aborrecido com a ministra Ideli Salvati (Relações Institucionais), durante o encontro com prefeitos paraibanos esta manhã em João Pessoa.

Num determinado momento de seu discurso, enquanto cumprimentava as autoridades presentes, a ministra se referiu ao governador como “Luciano Coutinho”, logo após ter referenciado o prefeito Luciano Cartaxo, o anfitrião do encontro. O mal-estar do governador foi imediato. Ele ficou visivelmente aborrecido com a ministra.

É bem possível que os principais problemas da Paraíba não sejam resolvidos com a presença dos ministros do Governo Dilma no Estado, mas ajudou a apressar o desfecho da novela entre o governador Ricardo Coutinho e o senador Cássio Cunha Lima. Diante de toda pressão dos últimos dias, RC não aguentou e desabafou estar preparado para enfrentar Cássio nas urnas.

Foi praticamente uma declaração de guerra. Algo bem próximo do rompimento, como só acontece em cenas finais nas novelas, após um período de tantas tensões, ao longo de vários capítulos. Finalmente, o governador deu seu grito de independência em relação ao seu tutor de 2010: “Eu sou um político e estou pronto para enfrentar qualquer outro que venha concorrer comigo…”

O senador Cássio Cunha Lima, aparentemente, aproveitou a presença de ministros do Governo Dilma na Paraíba para alfinetar o fechamento e armazéns da Conab na Paraíba: “Isso é sinal dos tempos.” Adiante, queixou-se que tenha virado rotina “a bancada da Paraíba se reunir para lutar para não perder o pouco que tem. É um absurdo.”

Como se sabe, no mês passado, toda a bancada se mobilizou para impedir que a Petrobrás desativasse o serviço de estocagem de combustível no Porto de Cabedelo. E o senador tucano tem razão. Impressiona que o Estado já desassistido de apoio federal, especialmente em grandes obras de infraestrutura, ainda perca o mínimo que ainda tem.

Por que não cobrar o compromisso por um porto de águas profundas para atrair grandes empresas? Por que não exigir, exigir, sim, um novo aeroporto decente para o Estado?…

Dois dias após o vice-prefeito Nonato Bandeira afirmar que o governador Ricardo Coutinho “só tem conversa fiada”, hoje (dia 12) foi a vez do prefeito Luciano Cartaxo seguir no mesmo diapasão. Ao rebater críticas de RC à sua administração, Cartaxo devolveu: “O governador foi eleito para trabalhar pelo Estado. Ele tem que cuidar da administração do Estado.”

E acrescentou, num tom mais duro: “Se ele não quer ajudar João Pessoa, que não atrapalhe quem está trabalhando pela cidade. Eu fui eleito prefeito para administrar João Pessoa e estou fazendo a minha parte. Repito: se ele não quer ajudar, seja através de parcerias ou não, que não procure atrapalhar. Ficar com críticas descabidas não faz jus à condição de governador que tem hoje.”

Já se tornou rotina: o procurador da República Duciran Farena acaba de pedir nova punição ao governador Ricardo Coutinho, por “infringir a norma eleitoral”, na utilização da Rádio Tabajara para fazer propaganda eleitoral antecipada. Mês passado, o procurador já havia denunciado o governador pelas mesmas razões.

Mas, o governador se mostrou indiferente e seguiu, segundo o procurador, utilizando a emissora como veículo de propaganda eleitoral. Em seu novo parecer, o procurador pontuou que a Imprensa “não pode estar a serviço de grupos políticos, deixando que seu mister de informar submeta-se ao império da doutrinação político-partidária ou favorecimento eleitoral”.

O procurador cita que a informação de que as supostas adesões à reeleição de Ricardo Coutinho estariam ocorrendo em troca de obras para as cidades governadas pelos prefeitos que anunciam o apoio político: “… inclusive se afirmando que tal apoio se adviria das obras, diga-se de passagem, públicas, atribuídas ao provável candidato à reeleição”.

O deputado Vituriano de Abreu anunciou, esta manhã (dia 12), ter acionado o Ministério Público Estadual para investigar o uso o avião do Estado pelo governador Ricardo Coutinho e a primeira-dama, Pâmela Bório, em viagens de turismo. Vituriano estranhou que a utilização indevida do King Air não tenha ainda sido objeto de investigação.

Entre os deputados de oposição, especialmente Vituriano e Gervásio Filho, o clima foi de insatisfação, depois que o tenente-coronel Francisco Chaves, secretário-chefe da Casa Militar, se recusou a participar de audiência na Assembleia, convocada pela CCJ, para explicar o uso de avião oficial do Estado. A sessão estava marcada para a tarde de ontem.

O deputado Gervásio admitiu, inclusive, apresentar nas próximas horas um requerimento propondo a criação da uma CPI.

A explosão da agência do Bradesco em Areia, nesta madrugada, pode ter sido apenas mais uma na Paraíba, que tem cravado tantos recordes negativos na área de insegurança. Mas, há um detalhe a observar: foi o 104º assalto a uma agência bancária no Estado este ano, contra “apenas” 63 ocorrências em todo ano passado.

Na noite desta quarta-feira (dia 11), foram registrados doze assaltos a ônibus em João Pessoa, num intervalo de poucas horas. Há três semanas, o Estado bateu seu recorde negativo nessa modalidade criminosa, quando, em menos uma semana, 27 ônibus foram assaltados. O número total superou 154 ocorrência, contra “apenas” 152 em todo o ano de 2012.

Durante a campanha de 2010, o então candidato Ricardo Coutinho prometia acabar com a violência em seis meses…

O vice-prefeito Nonato Bandeira decidiu ir para o bateu, levou com o governador Ricardo Coutinho, por frequentes suas críticas a recentes inaugurações da Prefeitura de João Pessoa: “Sempre que a Prefeitura inaugura alguma obra, ele, o governador, critica quem está trabalhando.” Então, fulminou: “Ele devia se preocupar em trabalhar.”

E acrescentou, no mesmo tom: “Em vez de governar a Paraíba, que é a sua obrigação, ele (o governador Ricardo Coutinho) que fica tentando culpar a administração do prefeito Luciano Cartaxo em João Pessoa por tudo aquilo que ele não está fazendo. As obras do Governo do Estado não estão saindo do papel, todo mundo sabe. A Paraíba toda sabe.”

Para, então, completar: “Foi muita conversa de obras principalmente durante o processo eleitoral.”