Quem é o maior

Ainda repercutem no Palácio da Redenção os abalos sísmicos causados pelas declarações do vice-prefeito Ronaldo Filho, afirmando que seu irmão Cássio é a maior liderança política da Paraíba. No espelho do Palácio, RC voltou a indagar: “Espelho, espelho meu, existe alguém maior do eu?”

Ato falho de Cássio

Terá sido ironia ou mero esquecimento o senador Cássio afirmar, na entrevista à TV Cabo Branco, que o governador RC deu continuidade a suas obras? Autonomia da UEPB, Lei do Subsídio do Fisco e planos de cargos de várias categorias foram de sua gestão. Mas, descontinuados por RC.

O governador Ricardo Coutinho bem que tentou, mas os últimos acontecimentos parecem sinalizar que ele não terá o comando do MD (Partido da Mobilização Democrática) na Paraíba. Foi o que garantiu, recentemente, o próprio presidente nacional da legenda, deputado Roberto Freire, assegurando que o comando será do antigo PMN.

Ou seja, o comando será da jornalista Lídia Moura. Pelos termos do acordo fechado, fica também assegurada a legenda para o deputado Major Fábio para disputar o Governo do Estado em 2014, desde que ele se filie ao partido. O acordo teve o aval da vice-presidente nacional do MD, Telma Ribeiro, ex-presidente nacional do PMN.

O senador Cássio Cunha Lima segue assombrando o governador Ricardo Coutinho, com declarações que sempre deixam em aberto o que decidirá em 2014. Na manhã desta sexta (dia 10), durante café da manhã promovido pelo PSDB, o tucano repetiu (pela enésima vez), que deseja manter a aliança com RC, mas isto vai depender de seu partido.

Há poucos dias, seu irmão, o vice-prefeito Ronaldo Filho, havia declarado de forma peremptória que o senador é a maior liderança política do Estado e, por isso, tem o direito de indicar a vice de Ricardo em 2014, ou não haverá aliança. Cássio bate de forma mais sutil, porém o recado é mais ferino: só haverá aliança caso o governador se enquadre.

O procurador-geral de Justiça, Oswaldo Trigueiro, surpreendeu ao rasgar elogios ao Governo Ricardo Coutinho e declarar, durante solenidade de entrega de viaturas da Polícia Civil, nunca ter visto “uma política de governo voltada à segurança pública como hoje”. Na ocasião, fez questão de entregar, de forma simbólica, quatro viaturas de Itabaiana.

Adiante, emendou ainda em relação ao Governo RC: “No sistema de segurança da Paraíba hoje o que vimos são coisas verdadeiras, pé no chão, sem nenhuma mágica.” As declarações seguem linha similar à adotada pelo governador que, no dia anterior, disse na presença do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) que a Paraíba está reduzindo os índices de violência.

Mas, afinal por que o governador Ricardo Coutinho anda tão zangado? É a indagação que muita gente tem feito, diante dos surpreendentes sinais de irritação que ele tem demonstrado publicamente. Num dia, trata mal um repórter que faz uma pergunta, digamos, inoportuna. No outro dia, insinua que os deputados estaduais são analfabetos.

Em mais outro, não contem o azedume nem diante do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), barrando diversas autoridades em seu encontro institucional no Palácio da Redenção. O ministro levou péssima imagem, conforme revelação de assessores. Por último, acusa o presidente da Assembleia, Ricardo Marcelo, de inviabilizar seu Governo.

Demorou pouco para o deputado Ricardo Marcelo, presidente da Assembleia, reagir aos ataques do governador Ricardo Coutinho e de seu líder Hervázio Bezerra, nesse caso da votação da MP 204, sobre o reajuste dos servidores. A votação expressou a primeira derrota do Governo RC, após o anúncio de ter maioria na Casa.

Depois que Hervázio ameaçou ir à Justiça contra a votação, Ricardo Marcelo revidou: “Tínhamos quórum suficiente e a votação foi absolutamente regular. Hervázio deveria fazer parte dos quadros do Tribunal de Justiça, pois toda votação na Assembleia que não sai conforme o Governo quer, ele decide procurar a Justiça para tentar derrubar”.

Logo após a votação da MP 204, em que os deputados impuseram seis emendas, uma delas o aumento do percentual de aumento dos servidores de 3% para 5,84%, o líder do Governo, deputado Hervázio Bezerra, anunciou a intenção de procurar a Justiça para derrubar a decisão. A exemplo do que já fizera antes no caso do empréstimo da Cagepa.

A votação foi comandada pela oposição, com apoio de dois governistas, Carlos Dunga e Doda de Tião. Dunga disse que não votaria contra os servidores, enquanto Doda de Tião alegou que, sendo funcionário de carreira do Fisco, não poderia ficar contra a sua categoria. Com 21 votos, a oposição impôs as seus emenda que irritaram Hervázio.

O governador Ricardo Coutinho, aparentemente, não se conformou com a derrota que sofreu na Assembleia, por ocasião da votação da MP 204, que tratava do aumento do funcionalismo. Como se sabe, os deputados emplacaram seis emendas, dentre elas a que aumentou o percentual de 3% para 5,84%, baseado no índice da inflação.

RC ficou extremamente irritado. Com a derrota e, especialmente, a mudança no percentual do reajuste. Em rápida conversa com jornalista, nesta quarta-feira (dia 8), o governador insinuou que os deputados são analfabetos: “Eles precisam aprender o b-a-bá. Deviam saber que o Legislativo não define percentual de aumento.”

O deputado Hugo Mota estranhou “recente” licitação anunciada pelo governador Ricardo Coutinho, em Patos, para a construção de um Centro de Oncologia (tratamento de câncer). Segundo Hugo, “o governador requentou essa licitação, porque ela já anunciado essa mesma, há dois anos, e está anunciando de novo pra fazer campanha eleitoral”.

“O governador está se especializando em fazer anúncios de obras, mas ação efetiva que é bom, nada. Há dois anos esse homem esteve lá anunciando a licitação, foi em março de 2011, eu acompanhei, o Ministro Padilha esteve lá. E, até hoje, nem licitada a obra foi”, pontuou o deputado. RC foi a Patos, há poucos dias, e anunciou a mesma licitação.

Depois do senador Cássio Cunha Lima, quem questionou as adesões de prefeitos ao governador Ricardo Coutinho foi o deputado Raniery Paulino. Para o líder da oposição, “essas adesões são apenas para dar manchete, para capa de jornal e usar imagens na TV, porque, na realidade, não tem qualquer peso nas eleições do próximo ano”.

Então, ofereceu a declaração mais contundente: “Na verdade, pelo que estamos vendo, é mais uma espécie de chantagem, para o prefeito poder conseguir algum convênio com o Estado. Assim, ou o prefeito assume que aderiu, ou então nada consegue com o Governo. Como estamos num ano pré-eleitoral, o Governo se tornou bonzinho.”