Quando era um vibrante e coerente parlamentar de oposição, Ricardo Coutinho costumava ligar para alguns jornalistas e comentar: “Tás sabendo da vaia que Cícero Lucena tomou por conta do Viaduto Sonrisal?” Por isso, achei engraçado quando vi o noticiário registrar que o governador bateu o próprio recorde, ao ser vaiado no Estádio da Graça pela… sexta vez.

Foi uma graça saber. Também o que o governador foi fazer num estádio de futebol, fantasiado de torcedor do Botafogo, para assinar uma ordem de serviço? Ora, ao que me parece o gramado de um estádio, num intervalo de jogo, não é exatamente o local mais apropriado para fazer politicagem. Aliás, uma prática tão condenada pelo nosso antigo vibrante e coerente parlamentar de oposição.

Há muitos simbolismos na posse da desembargadora Fátima Bezerra como presidente do Tribunal de Justiça. Um deles, obviamente, é fato de ser a primeira mulher a presidir a Corte, e por méritos próprios. Mas, não se pode descartar, em se tratando de Paraíba, o ingrediente político que sempre permeia o debate no Estado desde 1930.

A começar por sua posse. O governador Ricardo Coutinho, por exemplo, esnobou da posse de Ricardo Marcelo na presidente da Assembleia, pela manhã, mas foi ao Tribunal de Justiça marcar presença na noite de sexta-feira. Claro que a praça entendeu o recado. RC tem problemas com o Legislativo, mas não quer embaraços com o Judiciário.

A desembargadora Fátima tem características particulares, como a capacidade de articulação e a altivez, detalhe que pode provocar uma mudança talvez sutil nas relações entre o Judiciário e o Executivo. Sob seu comando, certamente haverá uma relação respeitosa, mas institucional. Porém, difícil imaginar submissão de um poder ao outro.

Ausência de Ricardo

Muito comentada a ausência do governador Ricardo Coutinho na posse do deputado Ricardo Marcelo na presidência da Assembleia. RC escalou o vice Rômulo Gouveia. Mas, era visível o mal estar. O ato foi interpretado como desapreço ao Legislativo…

Volta dos espigões

Tem alguns vereadores de João Pessoa se mobilizando para apresentar um projeto liberando a construção de espigões na Orla. O assunto promete aquecer o debate na Câmara da Capital nos próximos dias, depois dos folguedos de Carnaval.

Por que será que havendo tantas empresas de comercialização de produtos de informática na Paraíba o Detran acha de comprar notebooks para uma firma de… produtos sanitários? Pergunta intrigante para a nota fiscal nº 302, com a qual o Detran adquiriu 50 notebooks da marca Compaq, ao valor total de R$ 86 mil, à empresa Millenium Intermediação.

Ocorre que a Millenium Intermediação é, segundo documento fornecido pela Receita Federal, uma empresa especializada em “comércio varejista de produtos saneantes domissanitários”. Mais do que isto, os notebooks Compaq CQ42T4500HP, comprados por R$ 1.720,00 (a unidade), poderiam ser encontrados por poucos mais de R$ 1.2 mil no mercado.

O secretário Lucio Flávio (Casa Civil) terá até esta sexta-feira (dia 1º), para apresentar sua defesa em relação ao escândalo da gastança na Granja Santana. É quando vence o prazo dado pelo conselheiro do TCE, Umberto Porto, que é o relator do processo que foi instaurado a partir de auditoria realizada por técnicos da Corte.

O prazo dado pelo TCE, na verdade, já havia vencido. Porém, o secretário pediu mais tempo, alegando a necessidade de reunir mais documentos para fundamentar sua defesa. De qualquer forma, em entrevista à Imprensa, ele confirmou que as compras foram realizadas, apesar de negar quaiquer irregularidades contábeis.

O escândalo ganhou repercussão nacional, após veiculação pela revista IstoÉ e o jornal Folha de São Paulo. O governador Ricardo Coutinho rebateu, afirmando ser “apenas factoide da oposição”, e negou houvesse irregularidades nas compras realizadas pela Casa Civil para abastecer a Granja Santana, ao longo de 2011.

O escritor e jornalista Hélder Moura, da Rede Paraiba de Comunicação, acaba de ser destaque na TV portuguesa, com uma reportagem sobre o lançamento, em Óbidos (Portugal), do seu livro “O Incrível Testamento de Dom Agapito”, ocorrido na última sexta-feira (dia 25). Na reportagem, a LCTV traz um breve enredo da história e uma entrevista com o autor.

O lançamento do livro ocorreu dentro da programação de aniversário de criação da vila, que tem mais de dois mil anos, e é considerada patrimônio da humanidade. Hélder Moura viajou a Portugal a convite da Câmara Municipal de Óbidos. O romance tem sua história iniciada, precisamente, nas travessas da vila medieval.

Deve eclodir nos próximos dias uma nova guerra entre Executivo e Legislativo. Tudo por causa de recente decisão do Tribunal de Justiça, que mandou a Assembleia desarquivar a matéria que trata do empréstimo de R$ 150 milhões pleiteado pela Cagepa. O desarquivamento foi pedido pelo deputado Hervázio Bezerra, via mandado de segurança.

Mas, a matéria talvez ainda percorra vários caminhos antes de voltar a plenário. Se for. Primeiro: a Mesa da Assembleia tem a opção de recorrer ao Superior Tribunal de Justiça, como já afirmou o presidente Ricardo Marcelo, ano passado. Quando a matéria foi votada, o parecer da Procuradoria indicava que a votação seria por quórum qualificado para derrubar parecer contrário ao empréstimo.

O ex-prefeito Veneziano decidiu ligar a tomada para criticar o governador Ricardo Coutinho em alta tensão. Segundo Veneziano, o governador prejudicou mais de 700 mil lares de paraibanos, com a Lei 9.933, que altera as faixas de cobrança do ICMS e termina por anular em até 50% a redução das contas de energia que foi decretada pela presidente Dilma.

De fato foi um deslize cometido pelo nosso ínclito, preclaro e insigne governador, no apagar das luzes do ano passado. Foi como decidisse se antecipar ao decreto da presidente Dilma, impondo aos paraibanos uma carga tributária elevada para algumas faixas de consumidores, que passaram de 17% de ICMS para 27%, incluindo ai os 2% do Fundo de Combate à Pobreza.

Difícil acreditar que a ordem tenha partido do prefeito Romero Rodrigues, em quem Campina Grande deposita tantas esperanças. Seria muito mesquinho de sua parte. Mas, a verdade é que pegou muito mal essa história de mandar retirar as placas de obras inauguradas por ex-prefeitos. Mais do que vandalismo, é vergonhoso. Uma politicagem ultrapassada que beira ao desespero.

Imaginem se, daqui pra frente, todos os gestores decidem arrancar as placas dos antecessores na Paraíba, na tentativa de varrer os eventuais adversários da história. Isso não funcionou nem em Cuba, quando o eterno presidente Fidel Castro mandou destruir as obras do poeta Armando Valadares, e a única coisa que conseguiu foi torna-lo imortal, ainda que prisioneiro.

Quem fez a retirada das placas pensando que iria ajudar ao prefeito Romero, certamente só prejudicou.