Para qual partido Agra vai tirar o chapéu?

Assentada a poeira das urnas, algumas perguntas se impõem. Uma delas é: para onde vai o (sem partido) prefeito Luciano Agra? Agra, que inegavelmente foi o grande vencedor em João Pessoa, tem várias opções. Ele pode escolher entre PT, PDT e até o escorregadio PPS. Sua decisão vai depender do que pretende para sua vida em 2014.

Se a sua ideia é se afinar com o vice-prefeito eleito Nonato Bandeira e ter um partido pra chamar de seu, Agra poderá ir para o PPS. Com o inconveniente de que o partido tem uma postura de alinhamento ao PSDB em nível nacional, o que o coloca em confronto com o Governo Dilma Roussef. Não parecer ser uma alternativa mais lógica.

Pode escolher o PDT do deputado Damião Feliciano. É um partido aliado da presidente Dilma, mantém boas relações com o PT do ex-presidente Lula e está claramente à deriva na Paraíba. Como elemento desfavorável o fato de ter um deputado federal no comando. E a moeda que vale em Brasília é voto no Congresso. Que Damião tem e Agra, não.


A eleição que não terminou: o dia em que RC se aliaria a Cícero

No dia seguinte ao primeiro turno, a poeira das urnas nem bem tinham assentado, ocorreu um movimentação inusitada, especialmente quanto aos personagens envolvidos. O governador Ricardo Coutinho procurou o ex José Maranhão para sugerir uma operação que, pelo menos aos olhos do leigo, parecia puro surrealismo.

Ricardo propunha uma operação em que o senador Cícero Lucena, segundo colocado no primeiro turno, renunciaria para dar vez a Estelizabel Bezerra, sua candidata. Ou Cícero e Estelizabel abririam mão para Maranhão, que ficou em quarto, ser o candidato desses três grupos. Interlocutores chegaram ao senador Cícero e seus familiares.

O tucano reagiu, principalmente ao saber que a proposta nascera sob a inspiração do governador, seu desafeto histórico. O que Ricardo propunha era uma união de forças para derrotar Luciano Cartaxo, o PT e, por tabela, o prefeito Luciano Agra. Oferecia toda a estrutura que, no primeiro turno, estivera à disposição de Estelizabel.


O duro recado das urnas para RC

Assentada a poeira das urnas, ninguém em sã consciência tem dúvida de que o grande derrotado nessas eleições foi realmente o governador Ricardo Coutinho. E de todas as lideranças envolvidas na disputa, direta ou indiretamente, talvez ele seja quem mais precise refletir sobre o fracasso, para evitar um novo revés em 2014.

Ricardo perdeu em todos os maiores municípios do Estado, à exceção de Bayeux. E talvez nem isso, afinal Expedito Pereira não é exatamente um ricardista. E na maioria das 34 cidades em que o PSB elegeu prefeitos, certamente os eleitos não morrem de amores por ele, RC. Estavam casualmente no partido, não por seus belos olhos.

Um cenário que leva a uma indagação: por que o governador sofreu tamanha derrota? A resposta mais óbvia é seu estilo de fazer política, sem fazer amigos. Antes, faz inimigos. Basta lembrar o histórico de todos os aliados com quem andou rompendo nos últimos tempos. Todos, todos eles se tornam seus inimigos mais ferrenhos.


Pra onde vão Cássio e Veneziano após a vitória de Romero?

O resultado das urnas em Campina Grande mostra que o senador Cássio Cunha Lima continua com a liderança inabalável. Ninguém em sã consciência pode deixar de reconhecer que a vitória de Romero (e Ronaldo Filho) deve ser creditada na conta de Cássio. Com mais de 41 mil votos de diferença, foi um placar acachapante e até inesperado, considerando o histórico das últimas eleições.

Mas, se Cássio venceu com Romero, o prefeito Veneziano não foi necessariamente derrotado, com o resultado adverso nas urnas para sua candidata Tatiana Medeiros. Vené conseguiu a proeza de catapultar sua candidatura, que partiu praticamente do zero e era desacreditada até mesmo dentro do seu partido até um patamar surpreendente. Afinal, ela conseguiu 40,86% dos votos. Não foi pouco.

Se Cássio foi vencedor em emplacar Romero, após duas derrotas anteriores para o próprio Veneziano (quando apoiou Rômulo Gouveia) o Cabeludo também mostrou ter fôlego. Poucos conseguiriam colocar uma candidata praticamente desconhecida, como foi Tatiana, na condição em que chegou, inclusive atropelando a deputada Daniella Ribeiro, que surgiu no início da disputa como favorita.


Os desafios de Cartaxo depois da vitória

Pode se dizer que o mais fácil para Luciano Cartaxo foi se eleger prefeito. Como amplamente comentado, Cartaxo foi beneficiado por uma série de fatores que inquestionavelmente definiram a sua vitória, a partir, por exemplo, do rompimento do prefeito Luciano Agra com o governador Ricardo Coutinho, e a decisão de apoiar sua candidatura. Foi o marco da campanha.

Ter passado pro segundo turno com o senador Cícero Lucena também foi fator absolutamente relevante para sua vitória. Dos três (Zé Maranhão, Estelizabel Bezerra e Cícero), o tucano era o que claramente tinha o menor poder de aglutinação de votos. Fato que ficou amplamente comprovado com o inequívoco resultado do segundo turno.

Agora, se a sua vitória foi imensamente facilitada por esses e outros fatores tão favoráveis, talvez daqui pra frente já não tenha mais esse céu de brigadeiro. Primeiro, vai precisar de muito poder de articulação e pulso firme para compor sua equipe, sem desagradar Agra (e sua gente), uma parcela significativamente do PT, setores do PMDB e outros aliados. E sem comprometer a qualidade.


Ibope acerta e pesquisas batem com resultado das urnas

Um fato inquestionável marcou essas eleições de segundo turno na Paraíba. As pesquisas bateram. Ficaram na margem de erro. Em João Pessoa, por exemplo, o Ibope previa uma vitória de Luciano Cartaxo, com 72% dos votos válidos, contra 28% conferidos a Cícero Lucena. Deu 68,13% para o petista e 31,78% para o tucano, ou seja, dentro da margem de erro.

Em Campina Grande, a última pesquisa do Ibope projetou o candidato tucano Romero Rodrigues com 57% dos votos válidos. No final da apuração, o tucano obteve 59,14%. Já a candidata do PMDB, Tatiana Medeiros, alcançou 40,86% quando o instituto tinha projetado um percentual de 43%. Um dado que ficou rigorosamente dentro da margem de erro.


Só lembrando: Grande João Pessoa é a 9ª região mais violenta do mundo

Dois estudos divulgados, no início do mês, revelaram um dado estarrecedor sobre a Paraíba: a Grande João Pessoa está entre as dez regiões mais violentas do mundo. As estatísticas foram fornecidas, ironicamente, pela Secretaria de Segurança Pública do Estado e também pelo Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e Justiça Penal, órgão sediado no México, que tem cinco cidades no ranking 10.

Segundo o Conselho Cidadão, a cidade mais violenta do mundo é San Pedro Sula, em Honduras, com uma taxa de 158,87 pessoas assassinadas a cada grupo de 100 mil. A Grande João Pessoa viria em nono lugar nesse ranking, ao apresentar uma taxa de aproximadamente 80 homicídios em cada 100 mil habitantes. Pelo menos é que se pode deduzir dos números da Secretaria de Segurança.


Ibope prevê vitória de Romero sobre Tatiana com cerca de 27 mil votos

O crescimento da candidata Tatiana Medeiros, nesses últimos dias, aparentemente não foi suficiente para virar o jogo sobre o candidato Romero Rodrigues. Pelo menos é que o atestam os números da última pesquisa Ibope/TV Cabo Branco. Pela amostragem, Romero (57%) venceria Tatiana (43%), com uma diferença aproximada de 27 mil votos.

Os números levam em conta apenas os votos válidos, descontados abstenção (em torno de 15% no primeiro turno), brancos e nulos, que devem se situar na casa dos 205 mil sufrágios. Na virada do primeiro para o segundo turno, Romero obteve 44,9% dos votos contra 30% conferidos para a candidata do PMDB. A diferença foi de 32 mil votos.


Ibope projeta vitória de Cartaxo sobre Cícero com 150 mil votos

Os novos números da pesquisa Ibope/TV Cabo Branco, considerando a um dia do pleito, os votos válidos, sinalizam para uma vitória maiúscula do petista Luciano Cartaxo (72%), contra apenas 28% para o tucano Cícero Lucena. Os números revelam de certa forma o que se projetava nessa disputa em João Pessoa, desde a virada do primeiro turno.

Considerando uma abstenção em torno de 15% (que ocorreu no primeiro turno), e descontando os votos brancos e nulos, é previsível que a eleição registre cerca de 330 mil votos válidos. Diante dos novos números do Ibope, esses dados parecem projetar uma vitória de Cartaxo com cerca de 150 mil votos sobre o tucano Cícero Lucena.


Trem da alegria: prefeito aumenta em 300% a contratação de prestadores

Impressiona o levantamento realizado pelo jornalista Clilson Júnior, com base em informações do Sagres (Tribunal de Contas do Estado), sobre o número de servidores contratados sem concurso pelo prefeito Luciano Agra. Segundo dados do TCE, a Prefeitura tem, atualmente, 17.001 prestadores de serviço contra 13.661 servidores do quadro efetivo.

Trata-se de uma anomalia e impressiona pela disparidade, em que há mais funcionários sem concurso do que concursados. É, sem dúvida, uma aberração. Surpreende ainda mais o fato do Ministério Público do Estado não se manifestar, enquanto tem penalizado duramente outras prefeituras do Estado, que apresentam um quadro bem menos escandaloso.