PAÍS EM CHAMAS… Manifestações acirram ânimo após eleições e podem aprofundar o fosso da polarização
Povo nas ruas é sinal de vitalidade democrática de uma nação. E é mais do que compreensível que as pessoas possam ir às ruas, seja para comemorar uma vitória nas urnas, seja para protestar.
Mas, o fato também é que uma democracia se constrói com eleições. Independente do que se possa questionar em relação às últimas eleições, o fato é que a maioria decidiu pelo ex-presidente Lula. E o resultado deve ser respeitado.
Foi visível o engajamento de setores do Judiciário com a campanha de Lula, bem como os grande veículos de comunicação e institutos de pesquisa. Pode causar indignação e revolta? Pode, mas é da democracia.
O próprio Lula já experimentou ambiente adverso assim quando, por exemplo, disputou e perdeu a presidência contra Fernando Collor de Mello, que detinha apoio similar do Judiciário e a Rede Globo, por exemplo.
Fechar as rodovias, nesse momento, ainda que seja uma manifestação legítima, como em outras oportunidades também fez o MST, traz inconveniências, como impedir o livre trânsito do cidadão que já votou e só quer seguir sua vida.
E é um jogo arriscado, porque além de esgarçar ainda mais o tecido da polarização no País, só compromete a economia, como já aconteceu em manifestações assim no passado.
Por último, se o motivo dos atos é, além de demonstrar indignação com as urnas, também sugerir golpe ou similares trata-se de um jogo muito arriscado, dada a configuração atual do Judiciário. Muitos já foram punidos por essas mesmas razões.
E a verdade é que, num ambiente democrático, quem ganha, comemora. Quem perde, enrola a bandeira, procura entender onde errou e se prepara para as próxima eleição.