PANDEMIA E POLÍTICA Até quanto se especula um medicamento para enfrentar o coronavírus reina uma polarização histérica
Em outras circunstâncias a simples menção de que um medicamento, ainda que remotamente, poderia ser alterativa contra o vírus, levaria a esperança para muita gente. Mas, nos tempos atuais, até a discussão sobre a eventual eficácia (ou não) da Cloroquina tornou-se algo de fundo ideológico. Uma discussão sem qualquer critério técnico. Apenas político-partidário.
Há um repúdio automático que impressiona, talvez porque essa alternativa foi levantada por Bolsonaro e Trump. Mas, e se tivesse sido proposto por Lula e Putin? Haveria toda essa rejeição? Na verdade, essa polarização é, de longe, mais perniciosa que o próprio avanço do coronavírus. Na verdade, nenhum dos quatro personagens merecem elogios.
Vai que, amanhã, os pesquisadores descobrem que esse medicamente não tem qualquer eficácia. Que pena. Mas, pelo menos, terá sido uma tentativa, e qualquer tentativa é sempre válida quando se trata de defender a vida. Salvar vidas é o que importa. Mas, e se por acaso os pesquisadores descobrirem qualidades terapêuticas, como ficamos? Com cara de paisagem?
Não devemos esquecer que foi assim o que ocorreu com relação ao HIV. Depois de várias tentativas, com erros e acertos, não se chegou precisamente à cura, mas pelo menos foram criados alguns medicamentos, que combinados em coquetel, permitem ao doente permanecer vivo enquanto espera pela cura em definitivo.