PENSAMENTO PLURAL O argumento da força, por Rui Leitão
O escritor e historiador Rui Leitão observar em sua crônica como o uso da força faz desaparecer a razão, porque, em sua ótica, quando “inexiste a capacidade de utilizar a força do argumento para conquistar o apoio de alguém para seus propósitos ou suas ideias, não resta alternativa a não ser apelar para o emprego do argumento da força”. Rui prega que, em fez do argumento da força, o que deve prevalecer é a força do argumento. Confira a íntegra de seu comentário…
Quando inexiste a capacidade de utilizar a força do argumento para conquistar o apoio de alguém para seus propósitos ou suas ideias, não resta alternativa a não ser apelar para o emprego do argumento da força. É o recurso do emprego da ameaça com o objetivo de provocar uma tensão psicológica que cause medo e incertezas. São atitudes que assumem um caráter agressivo que não condiz com os conceitos de boa convivência social e do Estado Democrático de Direito
No jogo político isso é muito usado pelos que são vocacionados para o autoritarismo, os candidatos a déspotas. Muitas das vezes essas ameaças não passam de bravatas. Mas é a forma de tentarem mostrar poder de mando. Para tanto, não se inibem em desprezar os regramentos e ordenamentos jurídicos, desde que atendam aos interesses políticos a que se determinaram alcançar. Valem-se da truculência para impor obediência aos seus ditames. Imaginam que assim conseguem assumir o controle de situações, garantindo a consecução dos seus projetos.
Os abusos de poder perpetrados por quem não está técnica ou moralmente preparado para o exercício de cargos públicos, representam grave risco à democracia. A postura prepotente no estilo “quero, posso e mando”, com abordagens coercitivas, tem demonstrado que carece de sustentação a médio e longo prazo. Convictos de que estão acima da lei, arriscam-se a adotar manobras que possibilitem capitalizar ganhos pessoais, em detrimento do bem comum. Isso termina tendo efeitos contrários ao que desejam.
Impossível criar uma base de apoio sustentável, quando o pretenso líder comporta-se com indiferença ao que os outros pensam sobre determinadas questões, estabelecendo que as suas decisões devam prevalecer a qualquer custo, porque, afinal de contas, imagina que a ele está atribuída autonomia absoluta. Sabe-se, no entanto, que o poder excessivo, revela insegurança. Daí a compreensão de que o “argumento da força” pode gerar momentâneos resultados de obediência, porém, com o tempo ele perde consistência e se esfumaça diante das evidências que demonstram fragilidades nas ameaças. O medo é uma situação efêmera, desaparece quando o poder de intimidação mostra-se enfraquecido.
Para combater o “argumento da força”, a melhor estratégia é, em contraponto, utilizar a “força do argumento”, fundamentado exclusivamente na verdade. Até porque a força do argumento se vincula necessariamente ao caráter de quem a expõe. O Arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, nos ensina que “Não levante a sua voz, melhore seus argumentos”. Quando apresentados na base do grito a razão tende a desaparecer.
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