PENSAMENTO PLURAL A Academia pede socorro…, por Milton Marques Júnior

O texto do professor, escritor e acadêmico Milton Marques Júnior é uma denúncia e também um alerta em relação ao gravíssimo problema da insegurança reinante no Centro Histórico de João Pessoa, contexto no qual um dos principais alvos da bandidagem tem sido, lamentavalmente, a Academia Paraibana de Letras. Na madrugada desta terça-feira (29/04), meliantes voltaram a roubar o patrimônio da APL, de onde já saquearam até a bengala de Augusto dos Anjos. Desta vez, levaram luminárias, fios e cabos de ar condicionado, algo que tem acontecido com inaceitável frequência. Confira íntegra…

Eis como o meu confrade e presidente da Academia Paraibana de Letras, Severino Ramalho Leite, inicia o comunicado, via zap, aos acadêmicos, neste dia 29 de abril: A Academia pede socorro.

Mais uma vez, os ladrões atacaram a Academia e o Centro Histórico, levando refletores, cabos de ar condicionado e o que existia de bronze ou cobre, para transformar em dinheiro.

Recentemente, não faz dois meses, tentaram levar a estátua do poeta Augusto dos Anjos, que ficou marcada pelas marteladas que sofreu. Não conseguindo, os bandidos levaram o guarda-chuva do poeta, assim como levaram, de outra investida, a placa de bronze que marcava a entrada do Memorial Augusto dos Anjos, cuja porta é o número 37, na Duque de Caxias.

O que fazem os poderes públicos municipal e estadual, que não tomam uma medida? As ações não se restringem à APL. O Centro Histórico também vem sofrendo constantes ataques. Vê-se com frequência a fiação dos postes cortada, pendendo pelas calçadas… Até quando ações como essas continuarão a acontecer, livres de qualquer inibição?

É simplesmente escandaloso o descaso com a Cultura. Muitos vivem com a boca cheia, falando de Cultura, achando que se trata de musiquinha, de festinhas, de agrado ao turista, de barulho; que se trata, enfim, de algo superficial, que se resolve com maquiagem ou com um palavreado vazio. Cultura exige, antes de tudo, infraestrutura.

Quanto custaria aos cofres públicos um policiamento ostensivo da parte da polícia militar, atuando com uma vigilância, também ostensiva, por parte da guarda municipal? Um troco.

Não há, no entanto, uma ação sequer, de quem de direito, no sentido de coibir o vandalismo e o roubo.

A Academia pede socorro, o Centro Histórico pede socorro, a população pede socorro….

Está cada vez mais difícil ser brasileiro.

 

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