Em seu comentário, o professor Emir Candeia volta a tratar de um tema sensível, que é a indagação sobre o que alguns falam de morte ou não da Esquerda, e traz alguns exemplos comparativos entre países que fizeram uma opção à esquerda e outros que optaram pela guinada à direita. Confira íntegra…
Volta e meia surge a defesa de que decretar a “morte da esquerda” seria precipitado, um obituário apressado escrito a partir de estereótipos. O argumento tropeça no mesmo problema que critica: a negação da realidade concreta. Para além da retórica, existem exemplos históricos e atuais que expõem as fragilidades da chamada esquerda identitária.
Cuba x Japão: duas ilhas, dois destinos.
Cuba e Japão são exemplos eloquentes. Ambas ilhas, ambas marcadas por desafios geográficos e escassez de recursos naturais. O Japão, ao apostar em industrialização, tecnologia e disciplina econômica, tornou-se potência mundial, referência em inovação e qualidade de vida. Já Cuba, sob décadas de um regime que se autoproclama progressista, permanece isolada, dependente de subsídios externos, sem liberdade política e com índices econômicos pífios. A diferença não é “simbólica”: é medida em renda per capita, expectativa de vida saudável, oportunidades e liberdade de seus cidadãos.
Venezuela x Coreia do Sul.
Um contraste gritante: outro caso é a Venezuela, detentora das maiores reservas de petróleo do mundo. Sob governos que seguiram a cartilha da esquerda populista, mergulhou em crise humanitária, com inflação descontrolada, êxodo em massa e empobrecimento da população. Enquanto isso, a Coreia do Sul, sem recursos naturais relevantes, construiu uma economia industrial e tecnológica de ponta, transformando-se em referência global de desenvolvimento. A diferença está na escolha de políticas de Estado: investimento em ciência, educação e produtividade versus dependência de discursos ideológicos e assistencialismo.
Estados Unidos.
Dados que não podem ser ignorados: nos EUA, a diferença entre estados governados por democratas e republicanos também não é apenas retórica.
Violência: Estados democratas como Califórnia, Nova York e Illinois registram taxas de criminalidade mais altas do que a média nacional.
População de rua: a Califórnia sozinha concentra quase um terço de todos os sem-teto dos EUA. Cidades como São Francisco e Los Angeles se tornaram símbolos da combinação entre riqueza extrema e degradação social.
Drogas e desagregação social: nas grandes cidades democratas, a crise do fentanil e a degeneração de comunidades urbanas atingem níveis alarmantes. Em contraste, Estados republicanos apresentam índices menores de população de rua e, em geral, maior estabilidade em segurança, mesmo convivendo com problemas de pobreza.
Califórnia: riqueza e decadência lado a lado
O exemplo da Califórnia é emblemático. Seus grandes centros urbanos convivem com recordes de violência, uso de drogas e desindustrialização. Já as áreas agrícolas, longe do epicentro das políticas mais progressistas, revelam índices sociais mais equilibrados. Isso mostra que o discurso da inovação não basta para mascarar a decadência social nas regiões urbanas governadas sob o viés identitário.
O essencial do debate
Não se trata de negar a importância de pautas sociais. Direitos civis, combate à discriminação e inclusão são conquistas inegociáveis. O ponto é outro: quando a política se reduz apenas a isso, sem projeto de crescimento econômico, educação e segurança, o resultado é a estagnação.
Cuba não é Japão. Venezuela não é Coreia do Sul. A Califórnia tecnológica não esconde a Califórnia em colapso social. Esses contrastes revelam que a crise da esquerda identitária não é invenção dos seus críticos, mas consequência de escolhas políticas que priorizaram narrativa em vez de resultados.
Esse texto contesta a resposta recebida sem cair em ironia ou ataques pessoais, usando exemplos diretos, dados e comparações históricas.
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