PENSAMENTO PLURAL A força das convicções, por Rui Leitão
Quando decidimos enfrentar as divergências pagamos o preço de ser diferentes. Assumir as verdades que nossas convicções formaram, provoca reações às vezes raivosas dos que se posicionam contra o nosso pensamento. Ainda mais se no campo oposto estiverem pessoas conduzidas pelo fanatismo. Mas é assim, movidos pela crença naquilo que concluímos como manifestações da nossa consciência crítica, que nos fortalecemos para as lutas determinadas por nossos ideais.
Claro que isso incomoda os discordantes. Porque eles se sentem pressionados a pensar. Detestam ter suas inteligências provocadas. Se veem obrigados a justificar as discordâncias. E nem sempre estão preparados para isso. Suas mentes se acostumaram a ser controladas por outros. Ficam perdidos na falta de densidade do conteúdo de suas opiniões.
Convicções bem constituídas encontram dificuldades de serem contestadas. Ao se tornarem referências pessoais respeitadas, elas produzem recepção de credibilidade em tudo o que o indivíduo faz ou pensa. Porém, sem nunca esquecer que nada se consolida ao sabor das paixões. Há a necessidade, sobretudo, de que as convicções estejam amparadas na racionalidade e na sensatez, para que não se afirmem “mentirosas”, contaminadas por misticismos e crendices.
Ser alguém convicto do que diz, não é pronunciar-se na base do achismo. É preciso ter clareza nas argumentações, para que nos apresentemos como uma pessoa que sabe distinguir o possível do impossível, o lógico do incoerente, percebendo inconsistências entre a realidade e o desejado.
A polarização política que estamos vivendo faz com que os diálogos entre discrepantes sejam dificultados. Na incapacidade de responder a argumentações que os contrariem, os despreparados para o debate sério, partem para as agressões, os xingamentos. A discussão das ideias se transforma em guerra cultural, entrincheirada na radicalização. Alguns se fecham em suas bolhas ideológicas, não admitindo pontos de vista diferentes. O antagonista deixa de ser um adversário político para ser tratado como inimigo. O clima de tensão se estabelece, prevalecendo os “raciocínios orientados”.
Me acostumei com isso. Contudo, as provocações e insultos não me intimidam a ponto de abrir mão do direito de defender aquilo em que acredito. Antes da descompostura e do desacato, fico na expetativa de que me apresentem fundamentos que possam me convencer de que possa estar errado. Na base do ataque gratuito não conseguirão transformar minhas convicções. Pelo contrário, ao observar a incapacidade de argumentação, optando pela tentativa da desmoralização, eu fico cada vez mais convencido de que estou do lado certo.
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