PENSAMENTO PLURAL A pandemia dos não vacinados, por Rui Leitão
Não estamos vivendo apenas uma crise de saúde no Brasil, mas também de informação e de confiança. A população ao invés de ser bem orientada sobre o programa de vacinação, recebe, de integrantes do governo, informações que geram dúvidas e incertezas quanto à sua eficácia como imunizantes. Os discursos negacionistas e a polarização política atrapalhando o enfrentamento da pandemia.
O Estado deixando de compartilhar informações corretas, combatendo as fakenews, concorre para que a população se sinta insegura, quanto à credibilidade da vacina. Quando a opinião ocupa o lugar da informação científica, a sociedade paga um preço caro por isso. Esta é a razão de estarmos vivenciando agora a “pandemia dos não vacinados”. O sistema de saúde está ficando sobrecarregado. E a ocupação dos leitos é, quase na sua totalidade, por aqueles que se recusaram ser vacinados ou não concluíram o ciclo vacinal.
A realidade é que a alta vacinação impede o aumento de casos graves, como têm demonstrado as estatísticas, contrariando os argumentos dos que fazem campanha contra. Nove em cada 10 mortes por covid-19, na faixa etária até 39 anos, são de pacientes sem vacinação completa. No grupo dos idosos, 99% dos indivíduos não receberam a dose de reforço. A pessoa, ao tomar a vacina, protege a si e aos próximos.
A postura egoísta de se negar receber a vacina, compromete seriamente os esforços para acabar com a pandemia. A vacinação não pode ser uma preocupação individual. Quanto maior o número de pessoas vacinadas, mais fácil é controlar a propagação da doença. A pandemia só acabará com a vacinação em massa, dizem os epidemiologistas. É, portanto, uma questão de responsabilidade social, de respeito à vida. É fato científico que as vacinas trazem muito mais benefícios do que os possíveis efeitos adversos.
A negação da medicina extrapola a liberdade individual. O pior é que os hospitais públicos estão sendo ocupados pelos não vacinados. Dinheiro público sendo gasto com quem se posiciona contrário à política de imunização, dificultando as condições dos vacinados utilizarem o SUS para tratamento de outras doenças. É justo isso? O movimento antivacina é uma das principais ameaças à saúde pública na atualidade.