Em sua crônica, o professor Emir Candeia invoca um personagem, para ironizar o atual momento da política do País, e todas as turbulências decorrentes da recente decisão do ministro Alexandre de Moraes (Supremo Tribunal Federal), que decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro, além de impor várias medidas cautelares, como o uso de tornozeleira e a proibilição de falar com os filhos. Confira íntegra…
Toinho da Curva — ou como alguns chamam, Toinho que gosta de apostar — pode até exagerar em algumas histórias de caçadores, mas quando o assunto é política, ele está longe de ser uma figura ingênua. Eleitor convicto de Jair Bolsonaro, Toinho representa um sentimento que tem se espalhado por grande parte da população brasileira: a desconfiança nas instituições que deveriam garantir a democracia.
Toinho diz nenxergar o óbvio: o Supremo Tribunal Federal, sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes, ultrapassou os limites constitucionais que o cargo impõe. Para Toinho, o que era para ser um tribunal guardião da Constituição virou um centro de comando político, com Alexandre de Moraes à frente como um verdadeiro imperador jurídico. Segundo ele, o ministro manda mais do que um rei e mais do que certos chefes de milícia nos morros do Rio.
A perseguição a Bolsonaro e seus apoiadores
Jair Bolsonaro, mesmo fora da presidência, continua sendo alvo de uma série de inquéritos que se multiplicam como cogumelos após a chuva. Essa seletividade levanta um alerta importante: estamos assistindo ao uso do sistema judiciário como instrumento de repressão política.
Toinho lembra que apoiadores de Bolsonaro foram presos por manifestações, tiveram redes sociais censuradas e, em alguns casos, até perderam mandatos, tudo sob decisões monocráticas do STF. Para ele, isso não é mais justiça; é perseguição pura. A desculpa do “combate ao discurso de ódio” virou um pretexto para silenciar vozes conservadoras. E nesse cenário, quem deveria fiscalizar — o Senado Federal — assiste inerte, como se nada estivesse acontecendo.
A farsa democrática
“A democracia virou um faz de conta”, diz Toinho. E é difícil discordar quando vemos o desequilíbrio entre os Três Poderes. O Executivo é cerceado, o Legislativo se omite, e o Judiciário governa. No Brasil de hoje, a caneta de um ministro vale mais do que milhões de votos.
A decisão de Toinho
Toinho tomou sua decisão: só votará em candidatos que tenham a coragem de se posicionar. Ele não quer mais ouvir discursos vagos sobre “respeito às instituições”. Para ele, ou está com Bolsonaro ou está com Moraes. Não existe meio-termo. Toinho quer anistia geral e irrestrita para todos os perseguidos políticos, quer o impeachment dos ministros que usaram o cargo para perseguir adversários, e quer devolver ao povo o direito de ser o verdadeiro soberano da democracia. Toinho, como muitos brasileiros, não se sente representado pelos que hoje ocupam os altos cargos. Sua voz, ainda que simples, é carregada de uma verdade que grita nos becos, nas feiras e nas praças do Brasil: o povo está cansado de ser tratado como inimigo por quem deveria protegê-lo.
Ou é Bolsonaro, ou é Alexandre se Moraes – não tem meio termo diz Toinho.
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