PENSAMENTO PLURAL A resistência cívica, por Rui Leitão
Resistir é, no pensamento do escritor e historiador Rui Leitão, jamais desistir de lutar por aquilo que acredita. Diz: “A resistência cívica torna-se mais forte quando acontece de mãos dadas”. Uma palavra de ordem, em que o cidadão não recua ante a defesa de seus ideias, e propugna pela liberdade de externar seu pensamento, mesmo diante das ameaças do poder. Confira íntegra de seu comentário…
É importante nunca fugirmos da responsabilidade de sermos protagonistas da História. Resistir, portanto, é determinar-se a nunca desistir de lutar por aquilo que acredita. Jamais assumir uma posição de passividade diante do que julga contrário ao bem comum e à democracia. O medo impede o triunfo.
A resistência cívica torna-se mais forte quando acontece de mãos dadas. Num despertar de consciência coletiva, reagindo contra as transgressões jurídicas e morais que estamos observando em nosso país. Pugnando para que tenhamos uma sociedade com referências éticas sólidas. Fiscalizando corajosamente a conduta dos homens públicos e denunciando a corrupção, quando cometida. O Brasil precisa enquadrar-se nos limites da moralidade.
Não estou pregando a desobediência civil. O que estou advogando é o direito de não silenciar perante o inaceitável. É ter a coragem de gritar a verdade que querem esconder. Não admitir uma democracia acrítica. Acordar os que ficam resignados à postura de submissão voluntária aos poderosos de plantão. Formar uma “comunidade política”, comprometida com o exercício da liberdade, da igualdade e da justiça social.
Dissidência feita de maneira consciente, responsável. A organização das forças populares e patrióticas, não pode ser encarada como um movimento subversivo, ou simplesmente de oposição partidária, mas como uma ação de cidadania em favor da livre circulação de ideias e das liberdades democráticas, combatendo a institucionalização de um Estado de Exceção. O ódio à razão, ao conhecimento e à cultura, na pregação de uma ideologia ultraconservadora, estabelece a necessidade uma reação contrária.
Resistir, portanto, é palavra de ordem. È conservar-se firme, não sucumbindo diante das pressões dos poderosos de plantão. Não ceder facilmente. Não é apenas a reação a uma dominação. É um processo que possibilita construir o novo, na determinação de desenvolver uma luta transformadora. Aliás, é preciso entender que resistir não é simplesmente discordar, mas trabalhar no sentido de criar uma consciência coletiva que promova uma adesão voluntária e militante no combate à destruição da ordem democrática.