PENSAMENTO PLURAL A revolução dos veículos elétricos e sua longevidade promissora, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena aborda, em seu comentário, como a ascensão dos veículos elétricos (EVs) representa uma mudança significativa no setor automotivo, trazendo benefícios notáveis em termos de manutenção e durabilidade. Os EVs possuem menos peças móveis, resultando em menos desgaste e manutenção mais barata. Contudo, a longevidade das baterias ainda é uma preocupação, embora avanços prometem melhorias. “Além disso, a manutenção de EVs está majoritariamente nas mãos dos fabricantes, limitando oficinas independentes. A democratização do acesso aos EVs e práticas de manutenção acessível são cruciais para maximizar seu potencial verde e contribuir para um futuro mais sustentável”, pontua. Confira íntegra…
A ascensão dos veículos elétricos (EVs) representa uma mudança significativa no setor automotivo, trazendo benefícios notáveis em termos de manutenção e durabilidade. Diferentemente dos motores a gasolina, que possuem milhares de peças móveis, um EV típico tem apenas algumas dezenas de componentes móveis, resultando em menos desgaste e manutenção mais simples e barata. Essa simplicidade mecânica permite que os EVs superem facilmente a vida útil média de 325 mil km dos veículos a gasolina, com expectativas de melhorias contínuas que podem levar a veículos elétricos com vida útil de até 1.6 milhão de km.
A principal questão na longevidade dos EVs reside em suas baterias, que, como as dos smartphones, degradam com o tempo. Atualmente, a perda de capacidade das baterias é de 1 a 2% ao ano, mas os avanços tecnológicos prometem baterias mais duráveis e baratas. Já existem baterias capazes de durar 800 mil quilômetros, e fabricantes chineses estão desenvolvendo baterias com garantia de quase l.6 milhão de km. Esses avanços indicam que a vida útil das baterias continuará a melhorar, tornando os EVs ainda mais viáveis a longo prazo.
Contudo, a durabilidade de um carro não é o único fator que determina quanto tempo ele será utilizado. As inovações tecnológicas constantes em termos de alcance, carregamento rápido e funcionalidades de alta tecnologia incentivam os consumidores a atualizar seus veículos, assim como fazem com outros gadgets tecnológicos. No entanto, à medida que as melhorias se tornam incrementais, mais motoristas podem optar por manter seus EVs por mais tempo, especialmente quando um EV de uma década ainda oferece um alcance significativo e custos de manutenção reduzidos.
Um dos maiores desafios enfrentados pelos EVs é o alto custo inicial, mas a crescente disponibilidade de veículos usados pode democratizar o acesso aos EVs. Um Tesla usado, por exemplo, já pode ser adquirido por cerca de US$ 20.000, nos EUA. Projetar veículos pensando não apenas no primeiro proprietário, mas também nos subsequentes, é crucial para maximizar o potencial verde dos EVs, reduzindo a necessidade de novos veículos e, consequentemente, as emissões de carbono associadas à fabricação.
No entanto, a manutenção dos EVs ainda está majoritariamente nas mãos dos fabricantes, o que limita a capacidade de oficinas independentes realizarem reparos. A batalha pelo “direito de consertar” esses veículos está se intensificando, com a necessidade de garantir que os consumidores tenham acesso a peças de reposição e conhecimento técnico.
Em suma, a longevidade dos EVs é uma promessa central para a sustentabilidade ambiental. Com carros que permanecem mais tempo na estrada, há uma redução significativa no impacto ambiental da fabricação e descarte de veículos. Para que essa promessa se concretize plenamente, é necessário que as montadoras adotem práticas que permitam a manutenção acessível e sustentável dos EVs, evitando estratégias de obsolescência programada que possam comprometer seus benefícios ecológicos. A revolução dos veículos elétricos tem o potencial de transformar o setor automotivo e contribuir significativamente para um futuro mais sustentável, desde que sejam feitas as escolhas certas para maximizar sua longevidade e acessibilidade.
Os textos publicados nesta seção “Pensamento Plural” são de responsabilidade de seus Autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Blog.