PENSAMENTO PLURAL A vitória da ciência, por Rui Leitão
Desde domingo estamos celebrando a vitória da ciência, quando a ANVISA aprovou o uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford. Em meio a tanto negacionismo surge a esperança. Vencemos a primeira batalha na guerra contra o coronavírus. Mas é preciso agora que consigamos ser também vitoriosos no embate ante os que teimam em contrariar o bom senso e a responsabilidade coletiva, deflagrando um “movimento antivacina”. Não podemos fortalecer o “elogio à ignorância”. Vacina não pode ter nacionalidade, nem matiz ideológica ou bandeira partidária. É, indiscutivelmente, a única forma viável de combatermos essa pandemia que está atacando a saúde pública do mundo inteiro.
A ciência está operando o milagre de possibilitar que tenhamos devolvida a nossa vida normal. Quem assim não compreende, está desconsiderando um dever sanitário para com todos. Vacinar-se é um ato de proteção populacional. Saudemos a competência da comunidade científica, que desmoralizou o obscurantismo dos que colocam a paixão política acima da defesa da vida. Fechemos os espaços para os que teimam em politizar o tema e produzir fakenews com a intenção de descredibilizar a eficácia da vacina. O impulso da desinformação é estratégia criminosa em desfavor da preservação de vidas. Argumentos inconsistentes são propagados inclusive por pessoas que teriam a obrigação de convencer a opinião pública do quanto é importante esse processo imunizante.
O mais impressionante é ver gente com boa formação cultural dando força a essa onda que estimula a recusa em aceitar a vacina, fazendo prevalecer o ranço político. O cerne das críticas é a imposição da vacina, não se convencendo de que ela é o principal meio de prevenção primária de qualquer doença contagiosa. O negacionista costuma jogar a imaginação contra a verdade e adora propagar informações falsas e produzir teorias conspiratórias. A rejeição à vacina muitas vezes tem razões religiosas. No Brasil contemporâneo isso tem se evidenciado. Misturando política com religião, estão entre os que mais se afirmam contrários à vacina, embora não saibam explicar porque.
Sabe-se que a falta de conhecimento leva ao medo. Daí essa estúpida manifestação de incultura. Como não gostam de exercitar o próprio pensamento, preferem repetir o que dizem aqueles que escolheram como líder ou mito. O problema é que neles falta solidariedade humana, ainda que muitos se afirmem cristãos. São egoístas por natureza. Insensíveis à dor dos outros.
Temos que assumir a responsabilidade que seria das autoridades de governo federal para divulgar evidências científicas com o propósito de educar sobre a importância do nível individual e coletivo da vacina. Essa é a batalha que devemos buscar vencer, após a vitória da ciência. Tenho esperança de que vamos conseguir.
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