PENSAMENTO PLURAL Ah! Um urubu pousou na minha sorte!, por Gal Gasset
“Via de regra, os políticos brasileiros são desqualificados ao extremo. Verdadeiros abutres, eles não freiam a sanha de abocanhar os cofres do povo, ainda que ao custo de vidas humanas”. Postula Gal Gasset na sua mais recente crônica, contextualizando no título um dos versos mais famosos do nosso poeta maior, Augusto dos Anjos, extraído de seu poema “Budismo moderno”. Confira a íntegra de seu comentário, que se estabelece na atual conjuntura do avanço do coronavírus em paralelo ao agravamento da crise econômica:
“Ah! Um urubu pousou na minha sorte!”, frase célebre de Augusto dos Anjos [1894-1914], o poeta máximo paraibano, que aos trinta anos morreu de tuberculose, antes da descoberta da penicilina. Ele é considerado um pré-modernista, pela disrupção feita na tradição literária de seu tempo, ao imprimir na poesia a crueza da calamidade sanitária que assolava o Brasil. Seu único livro, “Eu”, é de uma musicalidade poética ímpar. Utilizando-se de linguagem cientificista, ele retratou sentimentos de angústia, saudade, luto e incerteza no futuro. Os escritos possuem teor universal, o que se comprova na recitação dos seus “Versos íntimos” em todos os lugares, dos mais simples aos mais refinados. Hoje, a clássica obra de Augusto dos Anjos é mais atual do que nunca.
Semanas atrás, medidas drásticas para conter o vírus do morcego foram impostas a partir de um estudo de Neil Ferguson, epidemiologista do Imperial College, que inicialmente calculou a morte de milhões de pessoas. Ironicamente, as recomendações isolacionistas não foram seguidas por ele mesmo, que foi flagrado pulando a cerca. Coincidência ou não, a mesma instituição britânica formulou os estudos sobre o “aquecimento global”, agora denominado “mudanças climáticas”, conforme o pesquisador Ricardo Felício. O youtuber Átila Iamarino seguiu essa linha catastrofista, e, por uma simples regra de três, vaticinou a morte de 1 milhão de brasileiros, o que gerou grande assombramento. No Brasil, a “ciência de youtube” é usada para embasar a aplicação de regras abusivas ao bel-prazer dos ditadores de plantão. O desassossego do “novo normal do mundo” impõe hábitos que nos levam à gradativa perda da liberdade e da individualidade. E, no geral, aceita-se tudo bovinamente.
Os últimos acontecimentos parecem saídos de obras de ficção distópicas, como “1984”, de George Orwell. O atual desconcerto do mundo pegou a população de surpresa, mas a pandemia foi sim prevista por agentes globais, segundo o documentário Plandemic, no qual a Dra. Judy Mikovits traz questões intrigantes sobre políticas públicas associadas a doenças. Para ela, toda epidemia viral possui um ciclo próprio, que não pode ser contido pelo isolamento. Assim, são irracionais as normas aleatórias, como o impedimento de circular nas praias, posto que o sol, a areia e água marinha estimulam a imunidade das pessoas. Também o uso compulsório das máscaras não se justifica em evidências científicas. Se usadas incorretamente, elas retém calor e umidade, causando a proliferação de agentes patógenos. Segue a pesquisadora afirmando que o uso do respirador mecânico não é o tratamento mais indicado para essa doença. Por seu turno, o uso da hidroxicloroquina é eficaz, mas não é adotado por não gerar lucros de patentes. Além do mais, mortes por outras doenças tratáveis, suicídios e assassinatos domésticos têm crescido assustadoramente. No mesmo entendimento, a Alemanha acaba de declarar que o lockdown social e econômico foi um erro enorme, pois concluiu-se que a Covid é uma doença viral como a gripe, que na maioria dos casos é inofensiva, sendo fatal apenas em casos excepcionais. Um estudo demonstrou que, de 180 falecidos examinados, todos possuíam doenças severas pré-existentes. Por outro lado, as perdas econômicas são incalculáveis.
Via de regra, os políticos brasileiros são desqualificados ao extremo. Verdadeiros abutres, eles não freiam a sanha de abocanhar os cofres do povo, ainda que ao custo de vidas humanas. A situação alardeada forçou o plano econômico Pró-Brasil, que destina enormes recursos para os políticos aplicarem em suas bases eleitorais. O governo federal fez repasses polpudos aos estados e municípios, e com a decretação de calamidade pública, as compras governamentais ficaram livres (de vez) dos processos licitatórios. Tudo isso resultará na espiral inflacionária, que prejudicará principalmente os mais pobres. Junte-se a isso o atentado feito à propriedade privada, com a imposição do fechamento do comércio e outros serviços. Até mesmo ambulantes são detidos e expropiados de suas mercadorias. O fechamento de empresas e as demissões em massa estão pululando. O empobrecimento nacional afetará a todos, com exceção dos donos do poder, que se tornarão ainda mais ricos. A corrupção é a mais letal de todas as pragas.
Não se trata de minimizar as mortes, muito pelo contrário. Cada uma delas é uma tragédia inconsolável. E é revoltante que isso ocorra deliberadamente por interesses inconfessáveis. Por isso mesmo é preciso haver uma reação dos indivíduos aos absurdos impetrados. Isso lembra a estória do sapo que é colocado em um caldeirão com água fria, e que vai sendo fervido aos poucos, mas não pula fora, pois não percebe o perigo que corre, e acaba morrendo cozido. Fica a pergunta: estamos perdendo vidas e quebrando a economia do país à toa?