PENSAMENTO PLURAL Alagoa Grande resplandece: memória e união no coração do Brejo, por Palmarí de Lucena

Em comentário de início de semana, o escritor Palmarí de Lucena aborda a cidade de Alagoa Grande que “brilha como coração cultural do Brejo, onde a memória e a arte unem gerações”. Palmarí fala de sua rica história, celebrada no Teatro Santa Ignez, fortalece a identidade e o orgulho do povo. “A cultura viva transcende o tempo, promovendo solidariedade e pertencimento, renovando a esperança e a união para construir um futuro comum e vibrante”, observa o autor. Confira íntegra…

Alagoa Grande, joia do Brejo Paraibano, pulsa viva em sua trajetória, revelando que a cultura é a alma e o fio condutor da identidade de seu povo. Recentemente, um evento cultural de profunda significação marcou a cidade: o lançamento do livro Alagoa Grande – Sua História (1625–2020) do Professor José Avelar Freire, , realizado no histórico e imponente Teatro Santa Ignez. Mais que o lançamento de um livro, foi uma celebração vibrante da memória que une gerações e fortalece os laços que mantêm a comunidade viva e coesa.

O Teatro Santa Ignez, com sua arquitetura elegante e sua história centenária, é o palco ideal para essa manifestação cultural. Erguido em tempos áureos, quando a cidade prosperava com a produção de açúcar, aguardente, rapadura, algodão e agave, o teatro resiste como testemunha silenciosa das transformações sociais e econômicas que moldaram Alagoa Grande. Ali, a cultura transcende o mero entretenimento: é força transformadora, guardiã da memória e elo que une seu povo.

O lançamento do livro, que revela quatro séculos de histórias e memórias locais, trouxe à tona a consciência de que a cultura é o alicerce da identidade alagoa-grandense. Essa obra é a verdadeira “Pedra de Rosetta” da cidade, permitindo que todos compreendam suas raízes e reconheçam a importância de preservar esse legado coletivo. A cultura, portanto, não é um patrimônio passivo, mas um instrumento vivo de construção e união em torno de uma narrativa compartilhada.

Nas manifestações artísticas que acompanharam o evento — poesias declamadas, canções e melodias —, ficou evidente o sentimento de pertencimento e orgulho. A presença diversa, de diferentes gerações e classes sociais, mostra como a cultura transcende as diferenças, promovendo solidariedade e fortalecendo os vínculos comunitários.

Na plateia e nas ruas, o público parecia flutuar entre o ontem e o hoje, imerso numa paisagem onde os mundos distantes das memórias vivas se encontravam. Ressurgiam vozes e figuras emblemáticas — Osório Paes, cuja poesia ganhou vida na voz de J. Monteiro; a literatura do Brejo e as canções que ecoam pelas lagoas; Dão Alfaiate, que costurava o tempo em cordas de violão; João Cego da Difusora, mensageiro das noites insones; e o Profeta Bruno, filósofo ambulante que lia as mãos das crianças, oferecendo seus dons por um simples trocado. Naquele instante, história e lembrança dançavam lado a lado, unindo passado e presente numa só memória viva.

Ao final daquela noite, ficou evidente que a cultura de Alagoa Grande não é mero registro do passado, mas força viva que transforma, renova e projeta. A obra de José Avelar, ao revelar as raízes profundas da cidade — da Caiana dos Criolos até o Cruzeiro —, reacende o orgulho e o espírito de união do povo, fazendo pulsar no peito de cada cidadão a certeza de que sua história é um patrimônio comum, uma luz que ilumina os caminhos e alimenta os sonhos. É nesse espírito de partilha e pertencimento que Alagoa Grande se fortalece, celebrando seu presente e construindo, com alma e memória, o futuro que deseja.

 

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