PENSAMENTO PLURAL É dramático o relato de paraibana que está na linha de frente do combate ao coronavírus em Nova Iorque, por Dri Barros

O Blog abre espaço para publicar o emocionante relato de uma paraibana que mora em Long Island, Nova Iorque. Adriana Barros-Lyskoski, estudante de Enfermagem, vem trabalhando na linha de frente do combate ao coronavírus como voluntária. “Está muito difícil, este vírus é terrível e as pessoas tem que ter consciência, porque esse é um vírus que realmente mata”, disse ao Blog Dri Barros, como é mais conhecida.

“Trabalho e sou estudante do hospital Entropy de Nova York. Cidade de Mineola. Eu trabalho diretamente na trilhagem das pessoas que chegam para ser encaminhadas para tratamento, checando documentos, temperatura e principais sintomas. Depois vem uma equipe e encaminha para os testes e, se for o caso, internação”, pontua Dri, sempre insistindo na necessidade “de manter o isolamento social, é muito importante!”.

Nova Iorque tem, até esta segunda (dia 18) 193mil casos confirmados, com 15,7 mil óbitos. Confira seu dramático relato de um caso registrado há poucos dias:

Ontem preparei mais um dos corpos de Covid-19.

Morte rápida e sofrida.

Saturação caindo…

Pressão arterial diminuindo, mesmo com doses altíssimas de drogas vasoativas.

Várias sedações para melhor adaptação ao respirador mecânico, conforto e diminuição de dores.
Febre… Muita febre.

Os que estão lúcidos relatam cansaço, dor nas costas ao respirar, deprimem pelo isolamento, uma tosse desesperadora, não aceitam bem a dieta oferecida pela dispneia e falta de paladar e olfato (relato de ontem dos nossos pacientes lúcidos).

Medicamentos diversos e antibióticos e no fim o vírus venceu.

De nada adiantou tantos investimentos e cuidados intensivos.

No final do preparo olhei para os olhos do paciente e vi lágrimas saindo de seus olhos, já em óbito.
Existem explicações científicas para tal fato, me doeu ver aquilo.

Passei a mão no seu rosto em forma de carinho, fiz uma breve oração, passei algodão em seus olhos para secar aquele líquido que me pareciam lágrimas.

Higienizei, segui todo protocolo (que é diferente de um óbito comum), o perfumei como de costume meu para com todos os pacientes, uma forma de amor, respeito e dignidade, mesmo sabendo que seus familiares não terão uma aproximação, velório e tempo pra chorar.

Fechei aquele saco preto…

Ali acabou meu trabalho, mas e a família?

Será que você está preparado pra perder um dos seus e passar por tudo isso?

Se cuida! Cuide dos seus.

Não é só politicagem, não é uma conspiração mundial.
É um vírus que mata e leva quem você ama.

Aproveite cada minuto dessa vida.
Ame mais, sorria mais, beije e abrace mais, dê valor a sua família e amigos, reveja suas prioridades, brigue pelo certo, não seja isento diante do mal.

Sei que estou ali por escolha minha e porque preciso aprender mais.
Preciso ser um ser humano melhor.

É preciso se conscientizar, e ficar em casa…
Preciso cuidar!!Acreditem que essa doença mata e mata muito rápido.