PENSAMENTO PLURAL O Q da questão, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena alerta sobre o crescimento do movimento QAnon, que mobiliza “adeptos de teorias da conspiração, que sem nenhuma evidência, usam as mídias para denunciar uma suposta cabala de Democratas, adoradores de Satã, pedófilos e traficantes de sexo, planejando dominação global”. Há quem observe o QAnon como uma atividade potencialmente terrorista, e mais uma ameaça à democracia. Confira a íntegra do comentário…
QAnon é um crescente movimento de adeptos de teorias da conspiração, que sem nenhuma evidência, usam as mídias para denunciar uma suposta cabala de Democratas, adoradores de Satã, pedófilos e traficantes de sexo, planejando dominação global. Alegam que esta organização satânica exerce controle sobre a mídia, estrelas de Hollywood e políticos, acreditando que sem a vitória de Trump, adoradores do Diabo já haveriam conquistado o mundo. Afirmam a existência de um complô secreto por um “estado profundo” operando dentro do governo atual, que conspira contra o Presidente.
Durante um encontro com militares em 5 de outubro de 2017, Trump fez uma menção crítica sobre a “calmaria antes da tempestade”; quando inquirido por um jornalista sobre a que tempestade se referia, respondeu indiferentemente: “Já vão descobrir! ”; O pronunciamento pouco significou para a maioria das pessoas. Para aqueles que vivem para as teorias da conspiração, a palavra tempestade foi interpretada como uma mensagem codificada sobre planos de quebrar a cabala global, com ajuda de militares.
Predições específicas de como e quando a Tempestade aconteceria, realizando prisões em massa de membros da cabala, publicando relatórios governamentais expondo os delitos de seus integrantes e antecipando ganhos de assentos no Congresso pelo Partido Republicano, nas eleições de 2018. Apesar de nenhuma dela se concretizarem, devotos ou simpatizantes do QAnon simplesmente reformulam a narrativa, ignorando equívocos, continuando a disseminar audaciosas teorias da conspiração.
Trump é a figura heroica dos devotos do QAnon, esmiúçam a cada e qualquer instante seus pronunciamentos e ações à procura de mensagens ocultas. Se menciona o número 17, a letra Q do alfabeto, por exemplo, assumem ser um sinal prévio da transmissão de uma mensagem cifrada. Embora se saiba pouco sobre o conhecimento de Trump da teoria do QAnon, afagos aos seus devotos, declarando-os “[…] pessoas que amam nosso País”, sem denunciar, rejeitar ou encaminhar postagens do grupo nas suas contas nas mídias sociais, são motivos de perplexidade e críticas no Congresso e mídia nacional.
Acusações bombásticas da QAnon seriam cômicas, não fossem potencialmente perigosas, desestabilizadoras de instituições democráticas ou recentemente das medidas de combate ao Covid-19. Apesar do FBI já ter identificado QAnon como uma possível ameaça terrorista, existem vários segmentos do Partido Republicano que defendem suas teorias da conspiração e apoiam os candidatos a cargos eleitorais. É este apoio ou indiferença as peçonhentas teorias da conspiração, que nos fazem perguntar: QAnon é o Q da questão ou simplesmente algo questionável em uma sociedade democrática?
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