Em seu comentário, o professor Emir Candeia teve críticas a deputados federais, que consomem um volume considerável de recursos federais, com salários, penduricalhos de gabinete, além de emendas, mas, para o autor, entregam muito pouco aos cidadãos, inclusive seus próprios eleitores. “Na Paraíba, isso ganha contornos ainda mais graves porque estamos falando de um Estado que, historicamente, tem sofrido com baixa representatividade efetiva no Congresso”, diz Emir. Confira íntegra…
Os paraibanos, em sua maioria, não sabem o que os deputados federais eleitos em 2022 realmente fazem, nem percebem claramente qual é a função prática de um deputado federal, mas, na Paraíba, isso ganha contornos ainda mais graves porque estamos falando de um Estado que, historicamente, tem sofrido com baixa representatividade efetiva no Congresso.
Para que serve um deputado federal? Legislar: Criar, alterar e votar leis nacionais. Fiscalizar: Cobrar transparência do governo federal, controlar orçamento, investigar abusos. Representar: Levar as demandas da população local ao Congresso. Mas, na prática, a maioria da população só ouve falar deles quando é época de eleição — ou quando aparecem em escândalos.
Os gabinetes como pequenas “empresas”. Cada gabinete é como uma empresa. O deputado monta uma estrutura com: Chefe de gabinete (gerente geral), assessores técnicos (jurídico, imprensa, orçamento), secretários, funcionários terceirizados, indicações políticas em prefeituras, governos e autarquias.
Esses cargos, não são ocupados por critérios técnicos, mas por apadrinhamento político, criando uma rede de “militantes” pagos com o dinheiro do contribuite, que ajudam o deputado a se manter no poder e, principalmente, votos.
Dois exemplos prático, ambos não difere dos outros: Dr. Damião e Luiz Couto. Dr. Damião (PDT): historicamente ligado à área da saúde. Mas quantos paraibanos sabem qual foi a última lei relevante que ele propôs? Ou qual comissão importante ele participou? Poucos.
Luiz Couto (PT): Militante em direitos humanos e movimentos sociais, é pouco visível no Congresso. Qual foi sua última grande defesa ou proposta que impactou diretamente a vida dos paraibanos? Poucos saberiam responder.
O problema não é só o que eles fazem ou deixam de fazer, mas a falta de prestação de contas. O círculo vicioso dos fundos partidários. Com bilhões em recursos do fundo partidário e fundo eleitoral, além dos cargos distribuídos em gabinetes, governos e autarquias, esses deputados constroem verdadeiras máquinas de reeleição.
Quem disputa contra eles enfrenta um jogo de cartas marcadas: sem estrutura; não tem recursos; sem militância paga; sem tempo de TV. Assim, mesmo sem grande atuação parlamentar, esses políticos têm altíssima chance de reeleição, porque controlam a máquina que garante visibilidade e apoio local.
Os eleitores não percebem isso? Porque o sistema político brasileiro é complexo, propositalmente opaco e pouco transparente. O eleitor não acompanha votações na Câmara, não entende como projetos nacionais afetam sua vida local. Vê política como algo distante. Além disso, a comunicação política é centrada em slogans, fotos em e alianças locais, não em resultados legislativos.
A verdade é que para a maioria dos deputados federais, Brasília é apenas o campo de manutenção de poder — não um espaço de transformação para o estado que os elegeu. Enquanto isso, a população segue fora do jogo, tratada apenas como eleitora de quatro em quatro anos.
O eleitor paraibano precisa se perguntar: O que esse deputado fez nos últimos dois anos? Que leis propôs? Que verbas trouxe? Que problemas enfrentou? Por que ele merece meu voto novamente?
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