PENSAMENTO PLURAL Em cima do muro, por Riu Leitão
A todo instante estamos sendo convocados a fazer escolhas. Porque se posicionar sobre tudo o que acontece em nossa volta, faz parte do processo evolutivo da vida. Não é pela apatia ou omissão que conquistaremos vitórias, avançamos na definição dos nossos interesses. É preciso ter opinião própria sobre as questões que envolvem nossos objetivos enquanto cidadãos, partícipes de um agrupamento social. Só os covardes fogem da responsabilidade no estabelecimento de posições firmes, preferem ficar indiferentes, lançados à própria sorte, guiados pelo que for circunstancialmente menos problemático.
Esses são os famosos indivíduos que costumam se equilibrar em cima do muro. Têm receio de desagradar pessoas com quem convive, nunca se animam a enfrentar com coragem um questionamento, desprezam a importância do debate, estão sempre usando a expressão “tanto faz”. Receiam ser julgados pelos outros. Vivem na acomodação, passivos, inertes. Fazem a opção pelo “não decidir”, transferindo essa faculdade para chefes, líderes ou companhias que escolheram.
Não compartilho da tese da neutralidade axiológica. Desconfio de que os politicamente neutros são, antes de qualquer coisa, elementos que pensam exclusivamente em si mesmos, desprezando qualquer ação que traga benefícios sociais. Fazem questão de se abster dos debates, simplesmente por comodismo, alienação. Normalmente ficam em cima do muro, observando e calculando a melhor oportunidade para pular para o lado da maioria, dos mais fortes.
Respeito e admiro os que se manifestam publicamente, sejam conservadores, progressistas, liberais, esquerdistas, ou até mesmo os anarquistas. Conhecendo as opiniões divergentes podemos comparar ideias, confrontar juízos de valor, estabelecer o diálogo nas polêmicas. E assim ficarmos mais preparados para escolher, decidir, e até modificar posições. O importante é jamais “ficar em cima do muro”. Ninguém respeita o indeciso.
Na condição de ser social-político, cada um de nós tem a obrigação de se postar como um observador atento e imparcial da dinâmica da vida, procurando contribuir com sua experiência e conhecimento para a formação da consciência crítica da coletividade. Recusar ser um “maria vai com as outras”, repetindo frases construídas pelos que escolheu para pensar em seu lugar. O momento político nacional exige posicionamentos, a boa disputa de pensamentos e ideias, o exercício efetivo da cidadania. Ficar “em cima do muro” é se esconder, por falta de coragem para assumir o que pensa e quer.
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