PENSAMENTO PLURAL Grandeza de um pequeno país, por Palmarí de Lucena
Que tal um país no qual 98% da energia que consome é renovável, possui uma a cobertura florestal de 53% do seu território e tem mais de um quarto sua área como de proteção ambiental e parques nacionais? Este país existe é a Costa Rica, onde o escritor Palmarí de Lucena esteve nas últimas semanas. Em seu retorno ao Brasil, Palmarí postula em sua crônica como apesar de nosso país ter dimensões continentais, “pode, no entanto, aprender e adotar boas práticas”, como há na Costa Rica. Confira a íntegra de seu comentário…
Apontando para a ponte suspensa a mais de cinquenta metros da ravina, o guia anunciou com orgulho palpável que estávamos entrando na área reflorestada da Reserva Florestal Nublada de Monteverde, na Costa Rica, outras pontes e trilhas nos levariam a área primária, que não havia sofrido desmatamento. Diferença única percebível entre as duas era o porte das arvores e a maneira aleatória como estavam colocadas na selva virgem. Exuberância verde abrigando uma multiplicidade de cores, sons e criaturas selvagens, nuvens acalentando a natureza com um cobertor de gaze branca, transformando caminhadas pelas trilhas em algo etéreo, fantasioso, um santuário nos protegendo das agruras do momento, sofrimentos causados pela pandemia do corona vírus. Máscaras nos lembravam da vulnerabilidade de um presente incerto…
Credenciais ambientais da Costa Rica são impressionantes: mais de 98 por cento da energia é renovável, após esforços meticulosos para reverter décadas de desflorestamento, a cobertura florestal abarca mais de 53 por cento do seu território, com mais de um quarto designada como áreas de proteção ambiental e parques nacionais. Consciência cidadã sobre a proteção do meio ambiente e a responsabilidade individual pela preservação de recursos naturais são as vigas de sustentação das politicas do governo. Parcerias com o setor empresarial reforçam a implementação de programas de desenvolvimento socioeconômico sustentável, principalmente a meta nacional de redução gradual de emissões de CO2 até 2050.
Cervantes afirmou que as comparações são odiosas, o que nos abstém da tentação de traçar paralelos entre a eficiência e consciência cidadã do povo costarriquense no combate a pandemia, com o negacionismo e insensibilidade das mais altas autoridades brasileiras aos efeitos de uma tragédia sanitária, falha de assegurar imunizantes em tempo hábil e de apoio as normas de isolamento social essenciais ao combate da pandemia. Apesar de ser um pais de dimensões continentais, o Brasil pode, no entanto, aprender e adotar boas práticas de pequenos países comprometidos com soluções democráticas, humanitárias e consensuais para o enfrentamento de crises sanitárias e ambientais, que de outra forma desafiariam a capacidade de suas instituições de atender de uma maneira eficaz e equitativa as necessidades e aspirações da população.
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