PENSAMENTO PLURAL A saúde mental de profissionais que estão no combate ao coronavírus, por Angélica Lúcio
Um estudo coordenado por quatro profissionais do Hospital Universitário Lauro Wanderley avalia sintomas como insônia, estresse pós-traumático, depressão e dor, entre os profissionais que estão atuando diretamente no enfrentamento ao coronavírus. Os efeitos desse enfrentamento é algo que precisa ser melhor compreendido para avaliar o real impacto junto aos profissionais envolvidos. Confira integra do texto de Angélica Lúcia, da Esberh, sobre o estudo:
Qual o impacto da pandemia de covid-19 na saúde mental dos profissionais de saúde? Essa pergunta é o que direciona uma pesquisa desenvolvida por especialistas do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade Federal da Paraíba e vinculado à Rede Ebserh, a qual busca levantar dados sobre profissionais de todo o Brasil. O estudo é coordenado pelos pesquisadores Isabella Araújo Mota, Luara Paiva Silva Morais, Thamires Ferreira Dantas e Gilberto Diniz de Oliveira Sobrinho, e o questionário está disponível na plataforma Google Forms.
“Queremos investigar o impacto da pandemia na saúde mental dos profissionais de saúde envolvidos direta e indiretamente no tratamento de pacientes diagnosticados pelo SARS-CoV-2, por meio da avaliação de sintomas de depressão, ansiedade, insônia, estresse pós-traumático e dor durante a vigência da referida pandemia, explica a neurologista Isabella Mota.
A especialista acrescentou que o questionário também aborda questões como alimentação, atividade física e dor crônica. “O resultado desse estudo será muito importante na forma de orientar os envolvidos. A gente precisa compreender o que está acontecendo com os nossos profissionais aqui no Brasil”, diz.
A partir do conhecimento do estado de saúde mental dos profissionais de saúde, acrescenta a neurologista do HULW, podem ser definidas estratégias de cuidados voltados a esse público, principalmente porque a saúde mental de tais profissionais influi de forma direta no resultado do combate à pandemia e do tratamento dos pacientes acometidos pela covid-19.
A ideia de realizar a pesquisa partiu da observação do dia a dia dos profissionais de saúde e também teve inspiração em um estudo semelhante realizado na China, onde os primeiros casos de contaminação por coronavírus foram registrados. “Nesse estudo (Factors Associated With Mental Health Outcomes Among Health Care Workers Exposed to Coronavirus Disease 2019), foram constatadas muitas alterações cognitivas em profissionais de saúde, mas lá avaliaram o impacto da pandemia apenas entre médicos e enfermeiros, e nossa intenção é fazer uma investigação ampla, abrangendo mais profissionais”, acrescenta a neurologista Isabella Mota.
COLETA DE DADOS
Para o estudo que está sendo realizado por profissionais do HULW, foram adotados seis questionários como instrumentos de coleta de dados. São eles: caracterização do perfil epidemiológico da amostra; Generalized Anxiety Disorder Questionnaire (GAD-7); Patient Health Questionnaire (PHQ-9; Insomnia Severity Index (ISI-7); Impact of Events Scale-Revised (IES-R); e Brief Pain Iventory (BPI).
Os questionários foram estruturados por meio da plataforma Google Forms para preenchimento digital via internet e estão sendo enviados aos indivíduos da amostra por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp. A identidades dos participantes será tratada com padrões profissionais de sigilo e privacidade, e os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizados.
Atuação da rede Ebserh – Desde os primeiros anúncios sobre a covid-19, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) tem trabalhado em parceria direta com o Ministério da Saúde e com participação do Centro de Operações de Emergência (COE) do órgão, tendo como diretrizes monitorar a situação no país e em suas unidades, realizar treinamento de funcionários da Rede, promover webaulas, definir fluxos, montar câmaras técnicas de discussões com especialistas e atuar como hospitais referência em algumas regiões. (Imagem de Lukasz_gl/Pixabay)
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