PENSAMENTO PLURAL Indignar-se é um dever cívico, por Rui Leitão
Jamais o ser humano deve perder sua capacidade de indignar-se. As grandes mudanças acontecidas ao longo da história universal nasceram de manifestações de indignação. Logo, essa descarga emocional produzida pela indignação, num grito de revolta e protesto, estimula a coragem e o destemor pela luta em defesa de direitos pisoteados.
A indignação é, sem qualquer dúvida, um dos maiores instrumentos de mobilização social. Vivemos uma crise ética que faz aflorar nossa expressão de indignação. Tudo que contraria os valores morais, que aprendemos a respeitar, nos leva a um sentimento de rebeldia. A inaceitação de injustiças, desmandos na gestão pública, tratamento desigual, tirania, nos desperta uma sensação indômita de insubmissão.
A inércia, a omissão, o conformismo, diante de situações desagradáveis, fragilizam o homem, perdendo passivamente a sua cidadania. A indignação, ao contrário, dá forças. Ela é refletida por atitudes físicas ou verbais que denotam irresignação. Esse espírito forjado na insatisfação entusiasma a provocação da luta.
Quando a indignação é vencida pela conivência ou pelos favorecimentos individuais, a sociedade fica carente de movimentos de reação contra a usurpação dos seus direitos. A alienação é a mais lamentável demonstração de desídia no resguardo da dignidade humana.