O cineasta Durval Leal Filho é uma das muitas vítimas da perseguição fascista exercida pelo ex Ricardo Coutinho aos servidores do antigo Ipep, na condição de filho de uma funcionária de 82 anos. Em texto enviado ao Blog, Durval externa toda a sua amargura diante do sofrimento e a humilhação impostas a centenas de pais e mães de família, sob os olhos muitas vezes complacente, para dizer o mínimo, de setores da Justiça. Confira a íntegra do comentário:
As vendas caíram em alguns segmentos da justiça da Paraíba, no 1° e 2° graus, gabinetes viraram bodegas, ou melhor vendas, não de panos e nem tão baratas, onde DAS e FGs podem ser trocadas, como figurinhas, entre os “Poderes e Órgãos”Impressiona como não precisam de vendas, pois a visão não precisa ser parda ela é transparente, até por Lei.
Nos últimos governos ficou aberto à olhos vistos o nepotismo cruzado e as decisões em plantões, não precisa mais fazer mistérios, muitos Doutores escancararam a farsa burlesca e assumiram o grotesco. Basta um Senhor ser ungido que abrem as portas da esperança, do Gabinete, para os apadrinhados do “padrinho” e nomeações acontecem entre os “sobre nomes”, que não carecem de vendas, pois estão nos balcões as balanças que já tem seus pesos aferidos entre pares e familiares.
Para tal, recordemos o que se passa e se forjou no caso IPEP, com suas temperas fracas, por cobre, para dar espaço aos seus entes, senhores “tocados” desaperceberam do rabo preso, e se colocaram os cabrestos. Coniventes a uma medida descabida do ex-Governador, da orcrim e “tornozeleiras”, que de bílis, arbitrariamente aviltou salários de mais de mil famílias, que de um dia para o outro viram seus salários surrupiados em mais de cinquenta porcento.
Esses servidores, que são públicos, são gente, são velhos, são do bem e que sentem esvair a dignidade, uma maioria anciã ainda senil, vê cotidianamente sua esperanças de resto de dias ser suprimidas.
Se togas duvidosas retiram o pão.
Quem poderá rogar a última moral.
Como os números são abstratos, talvez narrativas de personagens depauperados possam refletir a percepção para a solidariedade dos “Paraíbas”.
Zé Francisco, um nome qualquer, de um CPF quente, muito jovem teve um câncer aos 46 anos, perdeu mais que parte do pró-labore, não pode concretizar o sonho de ver a filha debutar, feneceu aos 53, esperando ver caírem ADIN e ADPF que sobrevivem na pujança da justiça que falha.
Se togas duvidosas retiram o pão.
Quem poderá rogar a última moral.
Marinalva das Esperanças comprou mobiliário para casar a filha, viu a loja tomar os bens dos noivos por falta de pagamentos, pois alem de perder os “troços”, dos nubentes, viu sua rala papa ter que ser cortada e dividida, com o tempo pelos netos.
Mas, no frigir dos babados, nas camarilhas palacianas, pois ambos poderes tem palácios, vinhos e acepipes são degustados nas caladas das noites, onde risos comemoram caixas de vinhos “sortidas”.
Se togas duvidosas retiram o pão.
Quem poderá rogar a última moral?
Creusa das Neves, no desespero da ansiedade de ver seus últimos anos adulterados, tanto chorou que sentiu a visão ficar escassa por uma nuvem de sangue que cobriu sua retina. A mácula e edemas são doença que estão na sordidez dos “quase decanos” que prescrevem alfarrábios nas madrugadas, para dar mais um sortilégio ao mandatário.
Se togas duvidosas retiram o pão.
Quem poderá rogar a última moral?
Miguel do Rosário, pai zeloso, cristão crismado, nos seus dias de depressão viu no terço a saída insana, sem ter a voz para quem suplicar enforcou-se quando percebeu que as viz magistraturas não tinha pressa, pois o rito é processual e cozido em fogo brando. Ardeu no fogo do inverno sem um salvador.
Se togas duvidosas retiram o pão.
Quem poderá rogar a última moral?
Se entrarmos pela perna do pinto e sairmos pela perna do pato, encontraremos abutres que na corte voam em circulo sem decidir, compactuam esperando o próximo ser ungido para abrir uma vaga na nova alcova cameral, grasnando que a Lei é cega para o povo, míope para bastardos e estrábica para mandatários.
Se togas duvidosas retiram o pão.
Quem poderá rogar a última moral?
Durval Leal Filho nasceu de Nisélia Garcia Leal de Araujo, 82 anos, servidora publica do IPEP, iniciou sua vida redigindo empréstimos no antigo Montepio da Paraíba, socorrendo Magistrados, Promotores, deputados e Conselheiros sérios, no tempo em que os Poderes e Órgãos não tinham duodécimo e um fio de bigode valia muito mais do que ser amigo do Rei!
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