PENSAMENTO PLURAL O botão de denúncias de “fake news” no Twitter e as Eleições 2022, por Ricardo
Este ano de 2022 é mais um ano de emoções, embates e combates à monotonia da nossa “apática” cena política tropical. Sim, falo de fleuma e indiferença de forma jocosa, evidentemente, pois tudo o que nós não temos por essas bandas de cá do Atlântico é tédio político. Vivemos um eterno terreno de trincheiras políticas e ideológicas, o que, quando bem travadas, contribui e muito para a maturação e equilíbrio dos atores e humores do universo democrático.
Nessa polaridade ideológica, que, por “absoluta ignorância” minha no passado a criticava (mas isso é assunto pra outra conversa nossa), há os que ovacionam essa diagramação e controle do que é verdadeiro e o que é falso (Fake News), e há os que abominam esse mecanismo por entenderem grau superlativo de subjetivismo e terreno movediço. Aliás, mentiras, sempre integraram o universo humano, na Roma antiga por exemplo, havia a pichação dos muros de prédios públicos e privados como forma de divulgar mentiras e críticas às figuras públicas. Em verdade, o mote é bom pro debate democrático às escâncaras quem pode duvidar? Aqui, estamos nós numa região fronteiriça entre liberdade, limites, mensurações e valorações do que se entende por expressar-se sem cordões em democracias verdadeiramente seguras e maduras.
Há uma grande “ponta de lança” que é a chamada ‘censura prévia’, que, no âmbito da justiça eleitoral é histórica como pedra de toque a ser combatida, em nome de todos os nortes do princípio constitucional da liberdade de pensamento e o mais importante, a sua materialização, que é a fala e o direito de dizê-lo, expressão livre!
Nesse passo, inevitável é a seguinte pergunta: quem vai dizer o que é verdade ou o que é mentira? A saída para isso segundo a ideia dos que defendem o botão da verdade, chamemos assim, é o acesso imediato à plataforma de verificação tal qual o google, só que do próprio twitter, para, de plano, afastar os mentirosos virtuais e não desequilibrar o pleito eleitoral de 2022. Inafastável é não lembrarmos de uma célebre frase sentencial em forma inquisitiva, em latim, do poeta romano Juvenal, “quis custodiet ipsos custodes”?
Podemos traduzí-la como: “quem há de vigiar os próprios vigilantes?” e outras formas como “quem vigia os vigilantes?”, “quem guardará os guardiões?”, “quem vigia os vigias?”, “quem fiscaliza os fiscalizadores?” ou similares. Veja o dilema criado diante da dúvida da imparcialidade para responder a questão que fora posta sob suspeita acerca da veracidade da postagem feita na plataforma twitter. É primária a ideia democrática onde se tem a máxima: a regra é livre expressão, entretanto aqueles que produzirem danos materiais ou morais a terceiros que os indenizem; e quem ferir do ponto de vista criminal alguém, que responda penalmente pelo ato cometido.
Logo, querer podar a fala em regimes livres, sempre esbarrará no espírito que anima as democracias não só modernas, mas seculares como a americana e o próprio modelo referencial milenar grego. Acho, no mínimo, muito preocupante esse botão para se fazer denúncias de “fake news” no twitter, ou em qualquer outra plataforma digital, de modo especial em matéria e época eleitorais. (@ricardoservulo)