PENSAMENTO PLURAL O Fato, o Fake e a Tecnologia: uma reflexão, por Alek Maracajá
Em seu oportuno texto, o publicitário Alek Maracajá aborda um dos temas mais presentes no debate sobre redes sociais, “num tempo em que a internet se torna um instrumento cada vez mais essencial em termos sociais, políticos e médicos”. Em seu comentário, Alek reflete sobre os vários aspectos que cercam o tema, hoje, obrigatório para quem debate modernidade. Confira íntegra do comentário…
Fato ou fake? Num tempo em que a internet se torna um instrumento cada vez mais essencial em termos sociais, políticos e médicos , esta é a pergunta que deve nortear o consumo de informação nas redes , especialmente nas plataformas digitais de relacionamento.
Com o poder de viralização a apenas um clique de distância, combater as fake news tornou-se hoje um dos maiores propósitos e, me arrisco a dizer, o maior desafio das democracias mundo afora. Isso acontece porque a democracia se baseia fundamentalmente na confiança — confiança mútua, confiança nas instituições e confiança na confiança da informação.
Porém, como operações de influência, em particular aquelas dirigidas pelo governo, podem poluir um ambiente de informação, corroendo a confiança e turvando as águas do debate público. Mas este não é um problema que nasceu com a internet ou as redes sociais.
Estratégias de influência, lançadas por governantes ou atores não estatais, já existiam muito antes das mídias sociais. O que há de novo nesses tempos de ultraconexão é o seu poder de escalabilidade, capaz de gerar um impacto ainda maior e mais grave na vida de todos os envolvidos.
Por isso, as instituições que dependem do compartilhamento aberto e livre de informações são particularmente apreciadas ao veneno das operações de influência que espalham notícias falsas, desinformação e propagandas enganosas. Caso não haja um controle rigoroso, esse conjunto de operações de influência cuidadosamente elaboradas tende a piorar na medida em que novas tecnologias “deep fake” entre em ação.
Entre o Fato e o Fake – Mas como estabelecer um discernimento entre o que é fato ou falso? Antes de mais nada, é preciso buscar ajuda na tecnologia. Uma das estratégias que vem ganhando destaque desde a onda de desinformação da Covid-19 e que também ganhou espaço nas eleições de 2022 é o Search Engine Optimization (SEO).
O SEO é o responsável por posicionar o site ou conteúdo verdadeiro nos mudança de busca quando o usuário faz alguma pesquisa. Seu mecanismo de funcionamento é baseado em algoritmos cada vez mais inteligentes que dão destaque às notícias verdadeiras já nas primeiras linhas de pesquisa.
Paralelamente ao uso de algoritmos, Big Techs como Meta, Twitter, Google, Microsoft, TikTok e Amazon, por exemplo,am, com a União Europeia, o “Código de Práticas de Desinformação” que prevê o reforço no combate às informações em contas nas redes sociais e publicidade política falsa.
No Brasil – Nas eleições de 2022 no Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou uma parceria com Twitter, TikTok, Facebook, Instagram, Kwai, WhatsApp e Google chamada de Programa de Enfrentamento à Desinformação. Entre as ações desenvolvidas está a estratégia para Facebook e Instagram, por exemplo, na qual os usuários brasileiros passaram a ver um Rótulo Eleitoral nas duas redes sociais em postagens com conteúdo relativo às Eleições 2022.
Receptor atento – Vale lembrar que cada ponto da audiência, cada receptor ou cada usuário de rede social também pode, individualmente, fazer a análise e avaliar se o dado obtido é ou não confiável. Porém, explorar todas as informações é uma atividade complexa e que, obviamente, não pode ser feita de maneira manual — a menos que você esteja disposto a perder muito tempo do seu dia com essa tarefa.
Desta forma, quando falamos em análise em larga escala, é preciso estar atento à qualidade das informações levantadas, bem como à capacidade de crítica da equipe de análise de Big Data. Afinal, são considerados os milhares de novos dados gerados em alta velocidade diariamente — por diferentes meios, como textos, vídeos, imagens, áudios e mensagens em redes sociais.
Para finalizar 🙂
Por isso, propagar uma notícia falsa é mais que um simples “compartilhar”, é propagar a desinformação, é ir de encontro aos ideais democráticos e prejudicar a vida de quem recebe e a vida de quem foi alvo de uma fake news. E, com o desenvolvimento das “deep fake”, a tendência é que a tecnologia depende, ainda por muito tempo, do olho clínico e do discernimento do ser humano para ajudar os algoritmos no combate à desinformação. E você, já caiu em alguma fake news?
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