
O texto do escritor Palmarí de Lucena critica a substituição da competência pelo espetáculo na política brasileira. Um Parlamento marcado pelo grito e pela retórica vazia recorre com frequência ao “regime de urgência” e à dispensa de controles como álibis para encobrir falta de planejamento, ineficiência ou práticas obscuras. A emergência deixa de ser exceção e vira método. O resultado são leis frágeis, políticas erráticas e a corrosão do processo democrático, que exige método, responsabilidade e resultados. Confira íntegra...
O texto critica a substituição da competência pelo espetáculo na política brasileira. Um Parlamento marcado pelo grito e pela retórica vazia recorre com frequência ao “regime de urgência” e à dispensa de controles como álibis para encobrir falta de planejamento, ineficiência ou práticas obscuras. A emergência deixa de ser exceção e vira método. O resultado são leis frágeis, políticas erráticas e a corrosão do processo democrático, que exige método, responsabilidade e resultados.
O texto critica a substituição da competência pelo espetáculo na política brasileira. Um Parlamento marcado pelo grito e pela retórica vazia recorre com frequência ao “regime de urgência” e à dispensa de controles como álibis para encobrir falta de planejamento, ineficiência ou práticas obscuras. A emergência deixa de ser exceção e vira método. O resultado são leis frágeis, políticas erráticas e a corrosão do processo democrático, que exige método, responsabilidade e resultados.
Emergências reais existem — catástrofes naturais, crises sanitárias, eventos inesperados. Mas o que se vê com frequência é outra coisa: prazos conhecidos tratados como surpresa, políticas mal desenhadas travestidas de fatalidade, incompetência convertida em justificativa legal. A urgência, nesses casos, não responde ao caos; fabrica-o.
Funciona como álibi conveniente para escapar da responsabilidade e do controle.
O grito cumpre papel semelhante. Ele cria a sensação de ação sem exigir preparo. Funciona bem nas redes, rende cliques, mobiliza paixões, mas não resolve problemas. Quem grita não precisa estudar; quem grita não precisa planejar. E quando o improviso falha — como quase sempre falha — apela-se à pressa, à exceção, à emergência
permanente.
O custo desse modelo é concreto. Aparece em leis mal concebidas, políticas públicas erráticas, obras inacabadas, gastos mal explicados. Um Parlamento que grita muito costuma entregar pouco. E quando entrega, frequentemente pede compreensão pelo erro que poderia ter sido evitado com método e competência.
Por isso, a máxima complementar permanece atual: quem tem competência se estabelece. A competência não faz espetáculo, não vive de urgência artificial, não depende de atalhos jurídicos. Ela planeja, prevê, executa e presta contas. Trabalha com o tempo como aliado, não como inimigo.
No fim, o abuso da emergência e a política do grito revelam a mesma coisa: desprezo pelo processo e desconfiança da própria capacidade. Democracia não é palco, nem o Parlamento é uma arena de performances. Representar exige mais do que protestar; exige decidir. O país não paga seus representantes para gritar — paga pelos resultados. E esses, infelizmente, já começaram a chegar.
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