PENSAMENTO PLURAL O lacrador, por Ricardo Sérvulo
Nos últimos tempos o meio sociopolítico foi tomado por esse neologismo que originalmente era considerada um sinônimo de ‘arrasar’ ou ‘mandar bem’, e com o passar do tempo começou a ser usado para se referir a algo negativo, como uma forma de crítica irônica sobre quem promove um discurso extenso em defesa do ‘politicamente correto’, que quer dizer mais ou menos algo como: um xerife da moral e ética sociais atuais; um censor e fiscal do comportamento alheio e do que é aceito no ‘mundo bacaninha’; é um concursado do patrulhamento ideológico; é um tipo que clama por liberdade de expressão desde que seja unicamente a sua. Supostamente defende as chamadas minorias, pois na prática não as tolera.
É o chato que pega no pé de quem quer que seja, quando sua levíssima película ou bolha ideológica (que ele nem sabe o que é), se julga ameaçada aos seus olhos e medidas espartanas das crendices que lhe passaram.
Êpa, espartana não, pois na ótica desse ser a civilização ocidental deve ser combatida e a antiga Grécia foi a base de tudo. Ufaaaa, mais ou menos isso, acho que mais pra muito mais ainda. Essa figura é sempre, reparem, altamente insatisfeita com tudo, inclusive com o brilho do sol, com a água da chuva, tremendamente mal-humorada, invejosa, extremamente intolerante e, paradoxalmente, pratica um jogo de projeção exigindo dos outros tolerância, inclusive para coisas que são sabidamente intoleráveis e absurdas sob todos os aspectos.
Nessa quadra, o lacrador se diz contra o preconceito, mas é estandarte dele quando lhe convém, hostiliza e macula a religião e o credo alheios numa espécie de neocruzada em busca da canonização politica e alienante. Quebra todos os reflexos das imagens que não refletem seus padrões estéticos doutrinários, e o fazem com precisão cirúrgica e com uma agressividade típica da antiga SS alemã e com toda vocação para tanto.
Do ponto de vista da veneração de seus ídolos, o lacrador tem apego desmedido a líderes com profundo viés sociopata, embusteiros, figuras históricas totalitárias. Assim, algo que colide frontalmente com suas pseudo causas altruístas, motes de suas lacrações, posto que esses mesmos déspotas comportamentais massacram através da história as minorias, etnias destoantes das deles, mataram, cometeram os abomináveis femicídios e escravizaram os seus subjugados.
Estou me convencendo é que à grande maioria dessas personalidades falta leitura múltipla e acurada de fontes minimamente isentas e ao alcance de quem procurar. Por outro lado, esses espécimes são dotados de incrível papel cênico a assumir uma posição de vitimismo, como dito, plenamente ensaiado a ponto de confundir os desavisados.
Lembra do que falamos do culto aos sociopatas? Pois é, o voo é cegamente cumprido por essa construção da sociedade atual, doente e carente de bom senso mínimo, com fragilidade extrema no quesito credulidade e fé no metafísico, um Deus. Eita, temos que ter cuidado, pois pro lacrador acreditar em Deus é uma heresia ideológica. Em verdade, o mundo ocidental tem treinado robôs lacradores que, como tais, são programados para não exercerem a ínfima ação crítica e reflexiva. Convenientemente orientados, por óbvio!
Aliás, pensar ‘fora da caixinha’ é um luxo que se transforma em ofensa aos seus cânones dogmáticos ideológicos e lacrativos. Não ousam, não podem, é como o sexo no medievo, totalmente proibido; e mais e pior: são valores burgueses para os seus séquitos, com digamos assim, desprovidos de cognição primária e nenhuma compreensão que o básico nunca deixará de ser o elementar.
Cuidado, há sempre um lacrador em sua esquina, como um amor a sua espera. Contudo, os ‘prazeres’ oferecidos são pronunciadamente diferentes. Resista às ideias do primeiro, não são apenas chatos, eles são egocêntricos e oferecem grave ofensa à liberdade de pensamento, expressão e julgamento.
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