O texto do escritor Palmarí de Lucena analisa o desgaste do trumpismo no Brasil e em outros países, destacando os custos de alianças cegas com agendas externas. A fidelidade a líderes estrangeiros, quando descolada da realidade local, tem sido punida nas urnas. “O eleitor, mais atento, começa a preferir equilíbrio, coerência e soberania ao barulho vazio de slogans importados”, observa. Confira íntegra…
Nem toda aliança é virtuosa. Nem toda lealdade serve ao bem comum. E nem sempre o que se apresenta como força é, de fato, coragem.
Quando líderes optam por seguir agendas externas sem medir suas consequências internas, é natural que o preço recaia sobre quem está na ponta da linha: o trabalhador, o produtor, o cidadão comum. No Brasil e em outros países, essa realidade tem se tornado visível — e cada vez mais difícil de justificar.
A recente imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos, atingindo produtos como o café e o suco de laranja brasileiros, escancarou esse dilema. O impacto não ficou restrito às planilhas de exportação: ele chegou à roça, ao entreposto, à mesa de quem vive da terra. Mesmo assim, o que se viu foi silêncio — ou, em alguns casos, aplauso.
Políticos de peso, governadores de estados exportadores e até parlamentares federais endossaram, direta ou indiretamente, essas medidas. Alguns chegaram a votar moções de louvor ao ex-presidente americano que impôs as tarifas. A pergunta que fica é: a quem servem essas alianças? Ao povo brasileiro ou a estratégias alheias?
Essa reflexão não é partidária. Vai além de ideologias. Trata-se de uma questão de soberania e coerência. O que representa, afinal, um político que aceita — ou celebra — uma sanção econômica contra seu próprio país?
O eleitor, mais do que nunca, tem um papel central nessa discussão. É ele quem carrega nas mãos o poder de aceitar ou recusar esse tipo de conduta. É ele quem sofre as consequências práticas de decisões tomadas em gabinetes distantes da realidade cotidiana.
Por isso, a eleição não é apenas um rito democrático. É um momento de discernimento. Exige do eleitor atenção às falas, mas, sobretudo, às ações. Exige que se pergunte: esse candidato defende de fato meu interesse? Ou se curva a pressões e figuras externas, mesmo quando isso me prejudica?
Nas urnas, o silêncio de muitos foi mais eloquente do que mil discursos. Candidatos que se apoiaram em slogans importados e alianças questionáveis descobriram que o barulho não garante mais votos. O eleitor começou a perceber que soberania, responsabilidade e lucidez valem mais do que qualquer grito.
Essa não é uma rejeição a ideias conservadoras ou progressistas. É um apelo à maturidade política. Porque o Brasil precisa, mais do que nunca, de representantes que saibam onde está sua lealdade — e que entendam que, numa democracia, é o povo quem paga a conta.
E você, eleitor, está atento?
Os textos publicados nesta seção “Pensamento Plural” são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Blog.