Em seu comentário, o jornalista Renato Cunha Lima traz a advertência de que a delação de Hugo “El Pollo” Carvajal, ex-ministro de Hugo Chaves, da Venezuela, poderá trazer alguns embaraços ao presidente Lula. Segundo apurou Renato, Carvajal, que foi extraditado recentemente da Espanha para os Estados Unidos, teria afirmado que Lula e outras líderes da Esquerda teriam recebido dinheiro (não exatamente limpo) da petrolífera PDVSA, para financiamento de campanhas. Confíra íntegra…
Hugo “El Pollo” Carvajal abriu a boca. E quando um ex-chefe da inteligência chavista fala, o mundo deveria parar para ouvir. Mas o Brasil, não. O Brasil bocejou.
Carvajal contou que a petrolífera PDVSA, a joia do socialismo venezuelano, foi usada para bancar campanhas de esquerda pelo continente, inclusive a de Lula. Aos moldes do escândalo da Petrobras, este ainda misturou petróleo, ideologia e cocaína. Mas por aqui, o escândalo evaporou antes mesmo de ser notícia. Afinal, quando o santo é o deles, ninguém quer quebrar o andor…
Lula, o intocável, segundo Carvajal, estaria no meio de depósitos venezuelanos de malas de dólares e, ainda assim, o noticiário abre com a previsão do tempo. Para cada denúncia, um “mas”. Para cada indício, um “calma, não é bem assim”.
E o país que um dia jurou combater a corrupção agora aplaude o seu ídolo de volta ao altar, com o incenso da imprensa queimando a dúvida antes que ela acenda.
Carvajal falou em dinheiro sujo, em redes de influência, em tráfico disfarçado de solidariedade. Mas os microfones brasileiros, tão ferozes quando o acusado tem o sobrenome errado, ficaram tímidos, quase envergonhados. Talvez porque, no fundo, sabem que o protegido precisa da penumbra para brilhar.
O jornalismo brasileiro se tornou um convento ideológico: reza quando Lula fala, jejua quando Lula tropeça. E se alguém ousa questionar, o coro responde: “Extremista!”.
Carvajal foi extraditado para os Estados Unidos, onde responde por narcoterrorismo, tráfico de cocaína e armas, crimes que expõem o submundo onde ideologia e contrabando se dão as mãos.
Mas aqui, o Brasil finge que é fofoca. Porque o que importa não é o fato, é quem o protagoniza. Se é Lula, vira milagre. Se é o adversário, vira crime de lesa-pátria.
E assim seguimos, com a imprensa polindo o pedestal do ex-condenado, enquanto o rastro de petróleo e cocaína se espalha pelas frestas da história. Um santo de palanque, protegido por câmeras que piscam devagar e jornalistas que parecem confessar pecados de consciência antes de escrever.
No fim, o único crime imperdoável é duvidar. O resto, o santo absolve e a manchete tem amnésia.
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