PENSAMENTO PLURAL Os indigentes intelectuais, por Rui Leitão
“Desconsideremos os indigentes intelectuais como seres inofensivos”, postula o escritor historiador Rui Leitão, em sua crônica, que reflete como um verdadeiro exército de pessoas com a opção de tornarem-se ignorantes por decisão pessoal, algo que “beira à estupidez”. Confira a íntegra de seu comentário…
Ignorar as evidências é, antes de tudo, uma atitude de indigência intelectual. Diante de argumentos sólidos rever os próprios conceitos é um exercício de aprendizado. Mudar de opinião representa, nesses casos, um processo de evolução pessoal.
Fico impressionado como o comportamento humano tem feito opção pela burrice voluntária. Tornar-se ignorante, por vontade própria, é algo que beira à estupidez. Decidir espontaneamente pela perda da capacidade de pensar, é assumir o espírito de “manada”. O filósofo Sêneca (imagem acima) dizia que: ”nada é pior do que nos acomodarmos ao clamor da maioria, convencidos de que o melhor é aquilo a que todos se submetem”, deixando que os outros pensem por nós.
O medo de parecer “diferente” faz com que o indivíduo fique condicionado a agir como se fizesse parte de um “rebanho”. O senso comum da manada indicando os caminhos a serem percorridos, perdendo a identidade e deixando de reconhecer o próprio valor. Decisões são tomadas sem que passem, necessariamente, por uma reflexão individual.
O exército virtual das “fake news” ajuda na construção dessa indigência intelectual. Um estado de carência absoluta de fundamentos amparados na lógica e na sensatez e a flagrante incapacidade de análise da realidade em que vive. Desconsideremos os indigentes intelectuais como seres inofensivos. Eles estigmatizam a luta política que se faz necessária, para que sejam aceitas como normais a covardia e a ilegalidade.
Os indigentes intelectuais acomodados em seus cativeiros, passivamente aguardam ser encaminhados ao matadouro, acreditando que seus condutores são emissários divinos. Não podemos basear nossas vidas em mitos e fantasias, negando nosso poder de raciocínio ou entorpecendo nosso senso crítico. O farol do conhecimento precisa ser aceso para enfrentar os obscurantistas, os que decidiram viver com o cérebro em “off”. Estabeleçamos os meios necessários para que possamos fazer uso do livre arbítrio de forma consciente, responsável e fraterna. E nos afastemos dos indigentes intelectuais.