Em seu comentário, o professor Emir Candeia reflete sobre os chamados “progressistas”, que, segundo o autor, “operam como verdadeiros conservadores de uma ideologia fracassada”. E ainda: “Qualquer discordância é taxada de preconceito, qualquer dúvida é classificada como “discurso de ódio”. Esse ambiente sufoca a liberdade de pensamento e transforma a universidade, a imprensa e os sindicatos em trincheiras ideológicas — onde não se busca verdade, mas adesão”. Confira íntegra…
Há quem chame de “progressistas” certos grupos que, na verdade, operam como verdadeiros conservadores de uma ideologia fracassada. São militantes de um pensamento fossilizado nos moldes da Revolução Russa de 1917, que o próprio mundo socialista já abandonou. Mas no Brasil, essa ideia ainda resiste, travestida de justiça social, embalando discursos que seduzem os desavisados e mascaram um projeto autoritário de poder.
Esses grupos repetem frases feitas como “tirar de quem tem para dar a quem não tem”, uma fórmula simplista e perigosa. Na prática, isso significa punir quem produz e premiar quem se acomoda. É a inversão da lógica do mérito. Em vez de oferecer oportunidades para que todos possam crescer, propõem nivelar a sociedade por baixo, sustentando uma massa dependente do Estado. Isso não é inclusão — é manutenção do controle político.
As chamadas pautas identitárias, embora nasçam de causas legítimas, têm sido sequestradas por movimentos que substituíram o debate por militância cega. Qualquer discordância é taxada de preconceito, qualquer dúvida é classificada como “discurso de ódio”. Esse ambiente sufoca a liberdade de pensamento e transforma a universidade, a imprensa e os sindicatos em trincheiras ideológicas — onde não se busca verdade, mas adesão.
A raiz desse comportamento está numa visão infantilizada da sociedade. Esses progressistas ultrapassados enxergam o povo como um grupo incapaz, que precisa ser tutelado. Por isso, propõem um Estado onipresente, que distribua tudo — menos responsabilidade. Em vez de empoderar, acostumam à dependência. É como dar esmola todo dia a alguém e depois dizer que o está ajudando a andar com as próprias pernas.
Esse tipo de mentalidade estimula uma geração a esperar, e não a construir. A consequência é clara: desinteresse pela vida produtiva, adesão ao hedonismo, à dependência estatal e, não raramente, à marginalidade. O discurso assistencialista, que deveria ser temporário, torna-se permanente. Votar em troca de benefícios virou estratégia, não exceção.
A democracia, nesse cenário, vai sendo corroída por dentro. Porque quando o eleitor é manipulado por medo ou por promessa de vantagem, não vota com consciência — vota como massa conduzida. E o “progressista” que se diz defensor da democracia se torna, na prática, seu maior inimigo. Usa a liberdade para plantar servidão.
Pior ainda é quando esse pensamento ganha verniz de superioridade moral. Quem diverge é automaticamente “fascista”, “reacionário” ou “alienado”. Cantores, artistas ou atletas que não rezam na cartilha progressista são cancelados, perseguidos ou silenciados. É uma patrulha ideológica que repudia a pluralidade — justamente aquilo que dizem defender.
Por fim, a sociedade ideal proposta por esses “iluminados” não é justa, nem moderna. É apenas uma versão requentada de um projeto fracassado: centralizador, controlador e intolerante. Um mundo onde o sucesso é culpa, o esforço é suspeito e a liberdade é tolerada apenas quando serve à ideologia.
O que se vende como justiça social, na verdade, esconde um projeto de poder travestido de bondade. E como toda mentira bem contada, acaba convencendo até o próprio mentiroso. Por isso, o alerta é claro: o progresso verdadeiro exige liberdade, mérito e responsabilidade — e não utopias que já destruíram nações inteiras.
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