PENSAMENTO PLURAL Os sociopatas, por Rui Leitão
“Na sociopatia os fins justificam os meios”. É o que postula o escritor e historiador Rui Leitão em sua crônica. O tipo sociopata tem como principal características a inafetividade, a propensão para agir por impulso e sem respeitar as demais pessoas quando se dispõem a impor sua vontade. E pontua: “O caos é o campo fértil para o sociopata brilhar.” Confira a íntegra do comentário…
O sociopata é um indivíduo que age por impulso e sem censura de suas vontades socialmente prejudiciais. Via de regra é insensível ao sofrimento alheio, oportunista e narcisista. Adora promover conflitos, criar polêmicas, no desejo maior de aparecer. Demonstra sérias dificuldades em respeitar normas sociais. Incita e deflagra agressões. O sociopata que assume uma posição de liderança consegue contagiar os incautos, excitados por situações de crise. O ativismo sociopático aproveita-se do fato de que boa parte da população é sugestionável, para influenciar no sentido de satisfazer os próprios desejos sem medir as consequências dos seus atos.
Na sociopatia os fins justificam os meios. Faz uso da ingenuidade dos outros para obter vantagens. É um transtorno de personalidade que evidencia o maquiavelismo. Na frustração revela instabilidade emocional, expondo um comportamento de hostilidade e desinteligência. Percebem-se as mentiras repetidas. A irritabilidade, a negligência e a ausência de remorso determinam suas manifestações de comportamento.
A História Universal é pródiga em registrar o aparecimento de líderes sociopatas. E aí tem sido o grande perigo, porque normalmente os grupos “assumem a personalidade do líder”. Projetando um “falso eu”, levam multidões a cometerem equívocos porque são levadas a acreditar neles como capacitados de resolver tudo, “salvadores da pátria”. A necessidade insaciável de poder, prestígio e admiração, faz com que pareçam mais competentes do que realmente são, tornando-os políticos bem-sucedidos, até o momento em que sejam desmascarados. Trocam as emoções de acordo com as circunstâncias.
Alguns são inteligentes e carismáticos. Apresentam boas habilidades nas funções executivas. Conquistam as pessoas fingindo simpatia. Outros alcançam o poder por aproveitamento histórico de vácuos políticos. Instantes em que a sociedade decide apostar no aventureiro, na expectativa de que a mudança radical possa resolver suas ansiedades. Ao galgarem posição de comando instrumentalizam tudo a serviço dos seus propósitos. Emergem de confusões doutrinárias nas mentes das pessoas.
O sociopata no poder influencia nosso presente e nosso futuro. A massa se inclina a admirar o talento para o absurdo e as tolices, como se fossem virtudes. E acredita que ele está qualificado para remediar o irremediável, socorrer os necessitados, organizar a desordem que se explicita, corrigir as imperfeições. O caos é o campo fértil para o sociopata brilhar. Suas ciladas, no entanto, precisam de cumplices para se sustentar no poder, atraindo outros sociopatas para seu entorno, para, em conjunto, passar a imagem de que está acima do bem e do mal.
É bom ficarmos atentos para não sermos enganados pelos sociopatas que militam na política.
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