PENSAMENTO PLURAL Páscoa, a grande passagem, por Ricardo Sérvulo
Etimologicamente, Páscoa quer dizer passagem, é originária da palavra em latim Pascha, que deriva do hebraico Pessach / Pesach, que significa “a passagem”. Essa “passagem” está descrita no Antigo Testamento como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito, um dos reinos que os hebreus estiveram sob o julgo e domínio. A Páscoa era celebrada pelos judeus para comemorarem a liberdade conquistada pelo seu povo que fora libertado por Deus das correntes da escravidão, por intermédio do patriarca Moisés, cujo rei segundo a maioria dos historiadores, à época, era o faraó do Êxodo, Ramsés II (c. 1279– c. 1213 a.C). Os hebreus vagaram no deserto por 40 anos até chegarem à terra que Deus lhes prometera.
O cristianismo como sabido, advém do tronco ancestral judaico; Jesus era judeu de nascimento, cultura, costumes, formação teológica e religiosa. Para os cristãos, o significado é a ressurreição do Messias que vencera a morte tendo ressuscitado ao terceiro dia, após ter passado pelos açoites e a brutal execução de sentença de morte de cruz, cujo suplício era tão eloquente e penoso que para os cidadãos romanos (mesmo que fosse o pior criminoso), não era permitida tal modalidade de sina. Unicamente aos cidadãos estrangeiros era relegado morrer no impiedoso, crudelíssimo e descomunal instrumento. A Páscoa é uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressureição de Jesus Cristo, o filho de Deus.
A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul). Envolta na lembrança histórica está a grande mensagem de mudança e alquimia metafísicas por excelência, pois aos olhos menos versados na fé indaga-se: Como pode à matéria se transportar para os limites do espírito, daquilo que não se pode alcançar? Como é factível compreender o que só a física quântica cuida tratar e ousa pesquisar? Como pode um homem ressurgir da morte pra vida?
Aos olhos comportamentais e altruístas o fenômeno que visita a Páscoa é menos complexo à sua cognição, o entendimento: ela propõe a passagem de um estado comportamental humano pra outro. Faz com que reflitamos acerca da hipótese e proposta de sermos indivíduos melhores, mais tolerantes, com mais empatia, sermos mais solidários com o sofrimento alheio, menos rancorosos, mais humildes, menos vazios, menos materialistas e por aí vai…
Tal qual o Natal, a Páscoa nos remete à reflexão do verdadeiro sentido que o Filho de Deus, Cristo Jesus, veio materializar; como dizem as sagradas escrituras, para os cristão, Jesus é o Verbo encarnado, é a mais pura dicção de amor de um Pai Supremo para com o seu povo. É o elo d’Ele com a redenção dos seres humanos; enseja o refazimento dos laços entre a deidade e, por consequência, o esquecimento da nódoa do pecado que ofuscou a nossa relação com o Criador.
Em verdade, nós vivemos fazendo nossas passagens e passagens através da vida. Seja de uma idade pra outra, de um emprego pro outro, de uma realidade pra outra e assim sucessivamente. Que nesta Páscoa tentemos nos vestir e pensar em sua linda proposta de passagem de estados a estados, para que nos tornemos pessoas melhores, pois no final, essa passagem é libertação existencial, posto que nos transmuta para experimentos melhores e isso é profundamente confortável, e alivia inclusive, nossas culpas e anseios sociais.
Boa Páscoa, Cristo vive!
Shalom!
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