Em seu comentário, o professor Emir Candeia cobra a interiorização do turismo na Paraíba, porque, em sua opinião, o litoral está “ficando horrível” com o congestionamento de visitantes. O autor cita que o Estado dispõe de verdadeiras jóias turísticas, como as Pegadas dos Dinossauros, Bananeiras, a Roliúde de Cabaceiras, dentre tantas outras atrações, que têm muito a oferecer aos turistas, em vez que ficarem apenas no litoral. Confira íntegra…
O turismo é uma das atividades que mais movimentam a economia global, mas, quando mal distribuído, traz problemas graves. Na Paraíba, a concentração de visitantes no litoral, principalmente em João Pessoa e Cabedelo, já começa a mostrar sinais preocupantes: aluguéis subindo, moradores sendo empurrados para longe, engarrafamentos constantes, lixo espalhado pelas praias, além de pressão sobre os recursos naturais — especialmente a água.
Imagine morar em uma rua tranquila que, de uma hora para outra, vira passagem obrigatória de ônibus lotados todos os finais de semana. O barulho aumenta, o trânsito trava, e a vizinhança perde o sossego. É isso que acontece quando o turismo se concentra demais em um só lugar.
Por isso, a Paraíba precisa apostar em algo inteligente: levar turistas para o interior. Temos joias pouco exploradas.
Bananeiras, com seus encantos serranos e clima frio que lembra Campos do Jordão. Areia, carregada de história, casarões antigos e cultura vibrante. Cabaceiras, o “Roliúde Nordestina”, com paisagens deslumbrantes de semiárido. Natuba, com suas uvas e vinhos, mostrando que enoturismo não é só no Sul do país. Patos, porta de entrada para as serras próximas, ideal para ecoturismo. Sousa, com suas impressionantes pegadas de dinossauros — um parque jurássico real.
Esses destinos poderiam ser incentivados com roteiros integrados, pacotes turísticos, infraestrutura adequada e apoio a pequenos negócios locais. Isso não apenas diminuiria a pressão sobre o litoral, mas também levaria desenvolvimento e renda a regiões menos favorecidas.
Além disso, o turismo interiorano tende a ser mais sustentável. Diferente do turismo de massa na praia, que concentra milhares de visitantes por algumas horas, sobrecarregando tudo, o interior atrai turistas que passam mais tempo, gastam mais no comércio local e geram menos impacto concentrado.
Exemplos no mundo mostram que limitar ou redirecionar o turismo funciona: Veneza cobra taxas para turistas de um dia, Lisboa taxa passageiros de cruzeiros, a Tailândia fecha ilhas para recuperação ambiental. Ou seja, controlar e equilibrar não é frescura — é sobrevivência.
A Paraíba tem a chance de fazer isso de forma planejada. Interiorizar o turismo é como abrir novas portas em vez de forçar todos a passar pelo mesmo portão apertado. É garantir que o turismo continue sendo uma bênção, não um fardo.
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