PENSAMENTO PLURAL Próximo vídeo Isabela!, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena pontua, em sua crônica, como a CPI da Pandemia, ora em diatribes no Senado Federal, “transformou-se em um faroeste espaguete: o Bom, o Mal e o Feio, estrelado por um grupo de personagens paradoxais”. Trata-se de um desfile de personagens com passado questionável no quesito do desvio de recursos públicos, especialmente, da Saúde, protagonistas de “questionáveis práticas eleitorais e atos de corrupção”. Confira íntegra do texto…
Debates da CPI da Covid-19 adicionam insulto ao agravo de passar uns dias convalescendo da doença, observando um espetáculo disfuncionalmente parlamentar da busca da verdade sobre a crise sanitária que nos assola, propor políticas públicas para o enfrentamento de eventos desta magnitude. Após manobras espúrias, tentativas de obstrução, troca de cavalos partidários alimentados pelo feno do fisiologismo e narrativas acrimoniosas, conseguiram escalar o escrete parlamentar que conduziria os trabalhos: um “cartola” da velha cepa adepto ao gesto simpático e tapinha nas costas, um ficha suja reciclado como o novo malvado favorito na relatoria e um entusiástico jovem parlamentar despido do excesso de bagagem da velha política. Quatro parlamentares independentes ou da oposição consolidaram o elenco majoritário da CPI.
Completando a peça trágica, um coro grego de homens brancos esparramando elogios, lamentações e insights sobre aqueles testemunhando ou sendo investigados. Atos de incompetência e arbitrariedades do Presidente, frutos de abricó de macaco pendurados nos frágeis galhos do analfabetismo democrático e autopromoção, espalhando o fedor das frutas no ar rarefeito do planalto central. Belas frutas e flores quando ainda inteiros, fedorentos e feios quando abertos. Era só esperar um pouco, para um deles se abrir…
Demonstrando ensaiada indignação com corrupção no uso de verbas, senadores governistas atiçavam e denunciavam chicanices de políticos, muito deles velhos parceiros em questionáveis práticas eleitorais e atos de corrupção, como uma cortina de fumaça para proteger aqueles cometendo o mais grave dos crimes: atentado contra as instituições do Estado Democrático de Direito e a saúde do povo brasileiro. Três senadores sentados a mesa diretiva, com dois espaços para depoentes, diante de fileira de mesas com computadores abrigando uma mistura eclética de homens medíocres, parlamentares experientes, políticos de fisionomias ordinárias ginetiando por um lugar sombreado na arena da demagogia. Alguns preferiam aparecer virtualmente.
A CPI transformou-se em um faroeste espaguete: o Bom, o Mal e o Feio, estrelado por um grupo de personagens paradoxais, Unicórnio, Morcego Relutante, Soldado de Lata e o Leão Covarde. Corajosos ofereceram informações e fatos consolidados do negacionismo e virulência da ignorância do Presidente, os menos nobres se esconderam atrás de jargão burocrático, desculpas cozidas por advogados e hipérbole para justificar atos de barbárie sanitária, ofuscando o Art. 196 da Constituiçao Federal. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
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