PENSAMENTO PLURAL Tristes trópicos, por Gal Gasset
Em sua mais recente crônica, “Tristes trópicos”, Gal Gasset trata do “protagonismo cultural e político” de muitos nordestinos e se debruça, especialmente, sobre a obra do pernambucano Paulo Freire e suas ideias sobre a educação no País. Adiante, traça um paralelo com os atos de vandalismo registrados nas universidades federais, especialmente após 2016. Confira a íntegra de seu comentário:
É preciso reconhecer o protagonismo cultural e político que muitos nordestinos desempenham no cenário brasileiro, para o bem e para o mal. Nesse contexto, destaca-se o pernambucano Paulo Freire [1921-1997], declarado patrono da Educação no país. Na realidade, ele foi o mentor da degradação intelectual e espiritual da nação. Formado em Direito, Freire se sobressaiu na alfabetização de adultos. Logo cedo, ele se aninhou com Getúlio Vargas, tendo também lugar cativo entre os militares. Freire publicou diversos livros, sendo “Pedagogia do oprimido” o principal. Na obra, ele bajula genocidas como Che Guevara, Fidel Castro e Mao Tsé-Tung. A tese freiriana, grosso modo, consiste na teoria marxista da luta de classes diluída na doutrinação subliminar dos estudantes.
Paulo Freire foi um dos fundadores do PT, junto com Luiza Erundina. Ela se elegeu prefeita de São Paulo na gestão 1989-1992, e colocou Freire à frente da secretaria de Educação. No cargo de secretário-adjunto foi nomeado um aluno freiriano: Mário Sérgio Cortella. Luiza Erundina é natural de Uiraúna (PB), e fez carreira explorando a imagem arquetípica da migrante nordestina. Assim como os demais petistas, ela nunca se reelegeu na prefeitura paulista, apesar das diversas tentativas (1996, 2000, 2004 e 2016). Atualmente, Erundina exerce o sexto mandato de deputada federal. Aos 85 anos, ela é novamente pré-candidata a prefeita, pelo PSOL, nas eleições de 2020. Lamentavelmente, o maior feito de Paulo Freire, Luiza Erundina e Mário Sérgio Cortella foi instituir a aprovação automática dos alunos, o que gerou uma legião de pessoas despreparadas cultural e profissionalmente.
A pedagogia socioconstrutivista teorizada e implementada por Paulo Freire estabeleceu a cultuação do grotesco em detrimento da alta cultura. Nesse método, não há estímulo à mobilidade social, e assim, um filho de pescador só poderá ser também pescador, o filho do pedreiro será pedreiro, e assim por diante. Para os “freirianos”, a frase de alfabetização “Ivo viu a uva” é um atentado à realidade, pois no Nordeste não havia produção de uvas. Desse modo, retirou-se do estudante a capacidade de imaginar e a cobiça por um futuro melhor. A troca do estudo de português e matemática pelo pensamento crítico resultou no analfabetismo real ou funcional da maioria da população. Os dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), de 2018, são desalentadores: entre os estudantes com 15 anos de idade, não possuem o nível básico de matemática: 68 %, de ciências: 55%, e de leitura: 50%. Esses índices estão estagnados desde 2009, o que confirma o fracasso do programa Pátria Educadora, do governo Dilma.
Se na alfabetização freiriana surgiu o ovo da serpente, é nas universidades que está a cabeça da jararaca. No meio universitário, o livre pensamento e a expressão de ideias divergentes são malvistos. São inexistentes as teses ou projetos de pesquisa de viés anti-esquerdista, o que impossibilita o contraditório necessário para o desenvolvimento científico. Caso se identifique esse tipo de produção, será apenas a exceção que confirma a regra. Os professores e os alunos que não se coadunam com o esquerdismo são frequentemente assediados. Nas “manifestações” de 2016, as universidades foram ocupadas por militantes “Fora Temer”, que vandalizaram e furtaram o patrimônio público, inclusive os conteúdos de pesquisas. Na oportunidade, a comunidade acadêmica ficou sem aulas e foi tolhida do direito de ir e vir, por semanas a fio, sob o olhar conivente de muitos reitores e professores doutores. No final das contas, ninguém foi responsabilizado.
Na ideologia esquerdista, todas as liberdades estão na classe das sensações físicas. Ato contínuo, são aclamadas as performances bizarras, com alunos nus. Até mesmo o consumo de entorpecentes no campus é visto como parte da paisagem. Contudo, é quase impossível promover debates, lançar livros ou apresentar filmes com teor discordante da religião socialista. Vide a exibição de documentário da produtora Brasil Paralelo na UFPB, quando os espectadores foram agredidos verbal e fisicamente pela esquerda cirandeira universitária.
Não podemos deixar de registrar que a região Nordeste também foi berço de Joaquim Nabuco, Augusto dos Anjos, Gilberto Freyre, José Lins do Rêgo, Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos, Ruy Barbosa e Castro Alves. Em nível nacional, são referências inapagáveis: Padre Antônio Vieira, Don Pedro II, Machado de Assis, Lima Barreto, Guimarães Rosa e Érico Veríssimo. Por infelicidade, dentre tantos gênios brasileiros, entronizou-se patrono nacional justamente o tosco, abominável e reprovável Paulo Freire. Tristes trópicos.