PENSAMENTO PLURAL Uma década de perseguição à mídia na Paraíba, por Laura Berquó
Texto da advogada Laura Berquó repercute o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, lembrando como, em praticamente uma década, o leviatã do governo impôs uma perversa perseguição a setores da mídia e até mesmo às mulheres. Foram dezenas de ações com o intuito de intimidar e perseguir as vozes que, de alguma forma, denunciaram atos de corrupção e desmandos de gestores que, posteriormente, foram flagrados em delito pela Operação Calvário. Confira íntegra…
Hoje, 03.05.2023, é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Na Paraíba, durante uma década, vivemos perseguições de todas as formas por denunciarmos violações de Direitos Humanos e casos de corrupção por um grupo político que montou uma verdadeira estrutura criminosa no aparelho do Estado, mas que pela forma com que distribuiu cargos na gestão e pela apropriação indevida de discursos progressistas, tentou invalidar denúncias muito graves, promovendo perseguições morais por blogs pagos com dinheiro público para desacreditarem militantes e imprensa séria, em um show de misoginia quando a perseguição recaia sobre mulheres, como no meu caso.
No outro dia, ouvi de um Procurador que ele “não sabia que eu gostava de temas relacionados a certas áreas de história”. Era a fama negativa que tinha sido criada. Porque realmente a desconstrução de muitas imagens foi na base do rótulo da loucura ou da burrice, para invalidação de denúncias gravíssimas de violações pelo Governo da Paraíba.
Desde essa época ainda advogo para jornalistas perseguidos pela Organização Criminosa que se apropriou da coisa pública na Paraíba, com caso nebuloso de homicídio sendo investigado sigilosamente pela Polícia Federal, além de perseguições que fizeram com que em público gritássemos para não morrermos.
Muita gente critica jornalistas na Paraíba e advogados/as perseguidos/as pelo fato de termos mexido com figuras que usavam do dinheiro público para pagarem advogados contra todos nós, provocando desempregos em muitos e perseguições na Justiça, tendo caso de jornalistas que responderam a mais de 40 a 50 processos. Tudo patrocinado com dinheiro público e usando o Judiciário como máquina de moer.
A Imprensa séria da Paraíba sofreu tentativa de criminalização assim como a advocacia, por denunciar primeiramente violações de Direitos Humanos e corrupção que mais tarde foram comprovadas.
Com relação às mulheres a situação se agravou pelos relatos misóginos pagos com dinheiro público em blogs paraibanos. Tenho orgulho de ter advogado para muitos e todos os meus constituintes terem sido vitoriosos nas demandas criminais, orgulho de ter advogado para esses que não se curvaram docilmente à ditadores locais.
Que possamos no dia de hoje refletir sobre isso, e nosso papel como defensores/as de Direitos Humanos para proteger o direito daqueles que têm coragem de denunciar má gestão da coisa pública e violações à dignidade da pessoa humana.
Os textos publicados nesta seção “Pensamento Plural” são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Blog.