Polícia do Rio descobriu em 24 horas origem das balas que mataram Mariella. Já na morte de Bruno Ernesto a Polícia da PB não “sabe” até hoje
O que existe em comum entre os crimes de Mariella Franco, no Rio de Janeiro, e o jovem Bruno Ernesto, na Paraíba? Praticamente nada. Mariella era uma militante política importante, e não deve mais haver, a esta altura, quem imagine que o seu assassinato não foi uma execução, muito provavelmente na tentativa de calar uma das vozes mais influentes e combativas da cena fluminense. Um crime hediondo.
Mas, e Bruno Ernesto? Um jovem técnico, sem envolvimento político, mas barbaramente assassinato, também com suspeitas de execução. Há muitas teorias, e uma delas, defendida por seus país Inês e Ricardo, sinaliza para o fato de que Bruno poderia ter sido “silenciado” por saber demais em relação ao escândalo do Jampa Digital, amplamente conhecido no País. Duas histórias aparentemente distintas.
Não fosse pelo fato de que, em menos de 24 horas, a Polícia do Rio, tão questionada nos últimos tempos, ter descoberto que as balas utilizadas no assassinato de Mariella serem de um lote comprado pela Polícia Federal, aparentemente roubadas, inclusive de uma agências dos Correios na Paraíba (??). Mas, já há a convicção firmada de que o crime foi praticado por policias ou ex-policiais atuando em milícias.
E o caso Bruno Ernesto? Seis anos depois, a Polícia da Paraíba ainda não “descobriu” que a arma utilizada foi adquirida pelo Governo do Estado (Secretaria de Segurança) e que as munições eram da Secretaria de Administração Penitenciária. Foi preciso a família de Bruno contratar investigação paralela para elucidar a origem das balas e da arma. Coisa que deveria ter sido papel da Polícia.
O que se espera? Que as investigações sejam céleres e que os bandidos responsáveis pela execução de Mariella sejam identificados e punidos, com todo o rigor da lei. O Brasil não pode continuar sendo a Pátria de mártires como Mariella, não pode ser mais o País que tolera o feminicídio e permite que a intolerância paute a vida política da nação. É absolutamente inaceitável.
Mas, também que os crimes como o de Bruno Ernesto sejam devidamente investigados, claro. Não é o fato de ter ocorrido na Paraíba que não mereça o mesmo tratamento. Não com a contaminação das paixões políticas, mas com a pauta de evitar a impunidade que pode levar a tantos outros Brunos Ernesto. E começa pelo Governo se explicando à sociedade sobre a origem das balas e da arma do crime.