Por que Cássio e aliados estão mandando recados tão duros a RC?
Tem algo a mais no ar do que apenas aviões de carreira. Começou com o senador Cássio Cunha Lima afirmando que a aliança com o governador para 2014 só dependia dele (RC), inclusive franqueando os devidos espaços para seus aliados no Governo. Depois, Cássio se queixou de uma iminente adesão de Wilson Santiago, dizendo que ele teria de entrar na fila.
Nem bem assentou a poeira, Cássio ironizou a estratégia de Ricardo Coutinho anunciar adesão de prefeitos ao seu projeto de reeleição, lembrando que Ronaldo (seu pai) se elegeu governador, contra o então todo-poderoso Wilson Braga, com o apoio de meia dúzia de prefeitos. As declarações de Cássio deixaram o governador magoado, tanto que ele se queixou a alguns aliados.
Cássio fez a observação, pelo que se comenta nos bastidores, pressionado pelos prefeitos seus aliados, que viram seus espaços reduzidos no Governo do Estado, após a adesão de adversários em seus municípios. No interior, em alguns bolsões políticos, é praticamente impossível reunir adversários históricos no mesmo palanque. Então, as adesões incomodaram.
Depois, Cássio orientou o advogado Johnson Abrantes divulgar um parecer que, supostamente, daria elegibilidade para o tucano disputar o Governo em 2014. Esperto, o senador afirmou que, apesar de se considerar elegível, não tinha pretensões de ser candidato. Mas, recentemente, o deputado Ruy Carneiro, presidente estadual do PSDB, vem a público anunciar sua candidatura ao Governo.
O governador deu o troco. Seu secretário Ricardo Barbosa (PAC), que sempre foi aliado do grupo Cunha Lima, afirmou para jornalistas que nenhum governador fez sequer 10% do que RC já fez. Isso depois de ter afirmado que o senador tucano não teria a menor chance numa disputa contra Ricardo Coutinho. O caso provocou desgosto no grupo, especialmente porque atingiu Ronaldo Cunha Lima também.
O jogo prossegue. Na Assembleia, o deputado Carlos Dunga assumiu, dizendo-se aliado do senador Cássio, mas com um discurso duro contra o governador. Nesta sexta, por exemplo, avisou que se não for atendido em suas bases eleitorais, se manterá na oposição, onde já ameaçou estar pelas próximas três semanas, prazo dado para RC atender às suas demandas. Dunga falaria algo assim, sem consultar Cássio?
E então, realmente para coroar, o senador afirmou, durante sessão especial na Assembleia, nesta sexta (dia 22), que uma eventual candidatura ao Governo não será decidida por ele, mas pelo PSDB. Depois do presidente Ruy e o senador Cícero Lucena, dois dos mais influentes tucanos no Estado, afirmarem que ele será candidato? Ora, todo mundo sabe que jabuti não sobe em árvore.