Por que Cuba pode ter ajuda do Governo Federal e a Paraíba não?
As declarações do deputado Ruy Carneiro merecem no mínimo uma reflexão. Tudo bem que o Brasil precisa se impor na América Latina como potência e outras coisas do gênero, mas precisa fazer primeiro o seu dever de casa. Ora, investir R$ 2 bilhões em Cuba, enquanto destina apenas R$ 539 milhões à Paraíba (em 2013) não é exatamente papel de um líder.
Tudo bem, Cuba precisa da ajuda dos vizinhos, especialmente após décadas de absurdo embargo comercial dos Estados Unidos, mas o Brasil tem problemas muito mais urgentes para resolver, antes de ajudar os vizinhos. Com R$ 2 bilhões, a Paraíba poderia, por exemplo, ter iniciado um porto de águas profundas, e reduzir sua dependência com Pernambuco.
Sim, porque os R$ 2 bilhões financiados pelo Brasil são, ironicamente, para a construção de um novo porto em Cuba. Se pode para Havana, por que não pode para o nosso Estado? A Paraíba sofre uma discriminação histórica do Governo Federal. E não precisa ir muito longe para atestar, basta verificar o boom de desenvolvimento que existe nos nossos vizinhos. No Nordeste, a Paraíba virou exceção.
A Refinaria Potiguar Clara Camarão, no Rio Grande do Norte, recebeu investimentos acima de US$ 3 bilhões, com capacidade para processar 30 mil barris de petróleo dia. Pernambuco, bem Pernambuco é um caso a parte com a Refinaria de Abreu e Lima, a Fiat, polo farmacêutico, e polo de produção de vidros, e mais de R$ 60 bilhões em investimentos. Pra ficar apenas em dois Estados.
E a Paraíba? Bem, a Paraíba tem um aeroporto com cara de rodoviária, um porto incapacitado para receber navios de grande calado… ah, tem o bolsa família. E, antes que me esqueça, uma classe política sem prestígio em Brasília e um governo estadual absolutamente sem projetos. No fim, é bem empregado mesmo que o Governo Federal trate a Paraíba dessa forma.