Por que o governador tem colecionado tantas derrotas nos últimos tempos?
Existe algo de novo no ar, na relação de setores da sociedade com o governador Ricardo Coutinho, seja porque já é perceptível sua curva decadente com a proximidade do fim de seu mandato, seja pela fadiga do cansaço com seu estilo. Um dos sintomas se expressa na quantidade de reveses que o governador tem experimentado nos últimos dias.
Só para lembrar alguns deles. Teve R$ 39 milhões do Estado sequestrados, por iniciativa do Tribunal de Justiça, diante do atraso contumaz nos repasses dos precatórios. Como tem sido hábito também na redução dos repasses do duodécimo para a Assembleia, Tribunal de Contas, Defensoria Publica, Ministério Público e também ao próprio TJ.
Dois: no caso do pessoal do antigo Ipep IASS), por exemplo, o governador sofreu uma derrota amarga, quando o desembargador José Ricardo Porto manteve a decisão do juiz Gutemberg Cardoso, que sentenciou o Governo a pagar os salários integrais dos servidores. Ricardo Porto entendeu que uma recente decisão do ministro Luiz Fux versando sobre o assunto não afetou a decisão do juiz.
Três: o governador promoveu intensa pirotecnia para anunciar o fim do racionamento d’água em Campina Grande, numa forma de apresentar como trunfo na visita do ex-presidente Lula à Paraíba e, literalmente, deu com os burros n’água. A reação veio de todas as partes, inclusive da Justiça, que freou a bravata do governador, considerando ser temerário encerrar o racionamento agora sem segurança hídrica.
Quatro: o Tribunal de Contas do Estado decidiu refrear sua fúria privatista, neste caso da terceirização da Segurança Pública, entendendo que a contratação de temporários seria temerário, com grave risco de dano ao erário. E há uma intensa reação de vários segmentos da sociedade, e não apenas dos concursados que esperam pelas suas nomeações, ou os licenciados que o governador se recusa a cumprir a lei e reincorporar à PM.
Apenas para citar algumas de suas mais recentes derrotas. Pode ser apenas coincidências, mas a impressão reinante é que, em final de mandato, o governador começa a experimentar as agruras de quem está na iminência de perder o poder, especialmente para quem se sente acima dos mortais.