Principal desafio do presidente eleito será pacificar o País, conviver com a diversidade e respeitar adversários
A verdade é que os primeiros pronunciamentos do presidente eleito Jair Bolsonaro, apesar de repetir seguidas vezes palavras como liberdade e democracia não trazem a certeza de que o Brasil viverá tempos de convivência pacífica, e respeito à diversidade e liberdades individuais, a partir de agora. É visível o ranço com adversários, especialmente quando se refere ao PT, aos “vermelhos”.
É impossível imaginar que todos os 51 milhões de brasileiros eleitores do capitão sejam fascistas, nazistas ou homofóbicos, afora outras qualificações. Mas, o discurso que o candidato adotou, ao longo da campanha, teve esse viés. E caberá a ele, a partir de agora, tentar a pacificação do País, respeitando as diferenças e também o PT, por que não? Não há legitimidade numa democracia sem oposição.
E o PT fará oposição, como já sinalizou Fernando Haddad, Guilherme Boulos. E também o PDT, ou pelo menos Ciro Gomes. E será uma oposição dura e crescente na medida dos desacertos que, certamente, ocorrerão no futuro governo. Para enfrentar a oposição, terá de acertar. O que não será tarefa fácil. Não basta o populismo para tirar o País do atoleiro em que se encontra. Também não será pela via do extremismo.
Há que se respeitar a vontade da maioria dos brasileiros, mas se o presidente eleito não tiver humildade para descartar o discurso de ódio, e conviver com os contrários, em todos os níveis, o Brasil corre o risco de resvalar perigosamente para um pântano de consequências imprevisíveis. O País sai dessas eleições muito fraturado e contaminado de rancores. O que virá a partir desse combustível poderá ser ainda pior.