Quando se mata o futuro: os sinos dobram por Fernanda
Por que a menina Fernanda Ellen? Se não fosse Fernanda, seria uma Maria, uma Patrícia, ou outra menina qualquer? Provavelmente seria. Não estava na sina de Fernanda. Estava na maldade do assassino. São visíveis os sinais de sua bestialidade. Fernanda provavelmente foi a escolhida para a imolação por ter cruzado o seu caminho.
E quantos satanases como esse não estarão bem ao nosso lado, transvestidos de humanos? Quantos deles não cruzam, impavidamente, nossos caminhos todos os dias e nos olham com o instinto do mal? Então, o que fazer para evitar que outras Fernandas sucumbam sob o peso dessa monstruosidade? Difícil saber. Talvez ninguém tenha a resposta.
Por que a menina Fernanda? Onze anos apenas viveu, tempo talvez insuficiente para compreender a maldade humana em toda sua extensão. Apenas onze anos. Que infortúnio viver apenas onze anos. Quem não poderia ser Fernanda daqui a dez, vinte ou trinta anos? Poderia ser alguém que encontrou a saída para a miséria no mundo? Quem vai saber.
Que imensa dor para um pai descobrir que onde havia vida, parte de sua vida, restou apenas um corpo. Onde havia uma esperança, ficou apenas o retrato da impiedade. Como resistir ao ímpeto de uma vingança, com uma Justiça que muitas vezes devolve um monstro para as ruas onde voltará a agir, pois esse é seu desígnio mais íntimo?
Que lástima testemunhar uma atrocidade dessas, quando não há conforto possível para a alma, apenas desencanto e tristeza. Que lástima a impotência que se abate diante da brutalidade desse crime. São assassinos assim que matam o futuro. Por isso, por mais que os sinos dobrem para Fernanda, nada aplacará o coração dos que ficaram para chorar o fim trágico de sua vida.