Quem cala, consente: PT e PMDB assumem perseguição a jornalistas
Se realmente quem cala, consente, é de presumir que PT e PMDB concordam com a perseguição que o Governo Ricardo Coutinho vem patrocinando contra jornalistas. A ponta do iceberg mais visível é uma AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) movida contra mais de uma dezena de jornalistas, como rescaldo das últimas eleições.
Há quem especule que PT e PMDB não querem se comprometer em defender a liberdade de Imprensa, porque vivem a expectativa de serem mimoseados pelo governador Ricardo Coutinho, com a nomeação de integrantes dos dois partidos em sua equipe de Governo. É visível que, nas últimas semanas, as legendas afinaram ainda mais seu alinhamento ao governador.
Começou, obviamente, com o apoio à candidatura do socialista Adriano Galdino na disputa pela presidência da Assembleia. Depois, cada um a seu modo, apresentou a fatura para ocupar espaços no Governo. Ou seja, os dois partidos estão sincronizados em suas pretensões, apesar de se acotovelarem em relação aos espaços que almejam no Governo.
PT e PMDB sinalizam por uma aliança sólida com o governador e, portanto, endossam as suas decisões atuais, pretéritas e, eventualmente futuras. Assim, cabe uma indagação: eles também concordam com a AIJE movida pelo então candidato RC contra jornalistas? Ou, para ser mais claro: concordam com a perseguição a jornalistas?
E indo direto ao ponto: o senador eleito Zé Maranhão, o senador Vital, e os deputados Veneziano (eleito agora), Manuel Júnior e Hugo Mota concordam? Os estaduais Gervásio Filho, Trócolli Júnior, Nabor Wanderley e Raniery Paulino também concordam com a AIJE e a perseguição a jornalistas? Um dos alvos da tal AIJE, o jornalista Marcone Ferreira, por exemplo foi uma das primeiras vítimas.
E o presidente Charlinton Machado, o prefeito Luciano e seu irmão Lucélio Cartaxo concordam com a perseguição a jornalistas? Os deputados Luiz Couto, Frei Anastácio e Anísio Maia concordam, já que estão tão afinados com o governador?
Quem cala, consente. Nunca é demais lembrar que, em regime de autoritarismo, quando vence o silêncio (muitas vezes associado à covardia), a democracia e a liberdade são as primeiras vítimas.