Racionamento d’água de Boqueirão, palanque eleitoral do Governo e a histeria da oposição
É impressionante como tudo na Paraíba se politiza. Até racionamento d’água. Veja o caso da Barragem de Boqueirão. O governador Ricardo Coutinho, na ânsia de empinar uma eventual candidatura do PSB em 2018, escalou o secretário João Azevedo (Infraestrutura) para anunciar um temerário encerramento do racionamento d’água em Campina Grande, quando o volume atingir 8,2%…
Mesmo com o Açude de Boqueirão apresentando menos de 8% de sua capacidade, em torno de 30 milhões de metros cúbicos e ainda abaixo do chamado volume morto. E com a baixa vazão da Transposição. Só lembrando que, ao ser imposto o racionamento pela Cagepa, a barragem tinha cerca de 25% de sua capacidade hídrica, ou mais de 100 milhões de metros cúbicos.
Então o anúncio de João, se viu, era apenas mais um golpe de mídia: o Governo, sabendo do atropelo que é o racionamento para a população, montou um palanque com toda a pirotecnia para anunciar o fim do suplício. João foi promovido a âncora para anunciar as “boas novas”. Algo até curioso, mas não surpreendente no estilo girassol, porque afinal não foi ele quem anunciou o início racionamento…
O anúncio certamente foi uma irresponsabilidade, e o tempo dirá. O detalhe é que, se houver problemas, a candidatura de Azevedo, que já anda perto do volume morte, certamente será carbonizada antes de atingir um desaguadouro de votos. Será, antes, um sangradouro. Operação de alto risco, bem se vê.
Mas se, de um lado, o Governo faz palanque, de outro, a oposição, em vez de deixar o Governo se afogar em seus próprios riscos, adotou a histeria como discurso, condenando o fim do racionamento, quando apenas questionar seria o correto. Condenar vai à contramão do que a população espera. O silêncio teria sido mais estratégico, para cobrar o desacerto mais adiante.
O Governo errou, e a oposição não soube se acertar.